19 de mai. de 2006

Os Poços

Havia uma cidade em que só havia poços, milhares de poços, mas não eram poços que se colocam água, eram poços que se colocam coisas. Água nem sabiam o que era. Com o tempo os poços começaram a ficar com manias de enfeitar a sua beirada. Adornavam com muros, com colunas, erguiam torres, com o tempo começaram a colocar coisas dentro deles. Uns colocavam televisão, geladeira, computadores. Outros colocavam carros, apartamentos, outros colocavam ouro, uns depositavam livros, alguns gostavam de roupas... enfiavam de tudo que havia para se colocar nos poços. Um dia os poços ficaram tão cheios que começaram a encostar uns nos outros, para resolver a situação uns começaram a cavar mais fundo para caber mais coisas. Para cavar tinham que tirar tudo de dentro do poço, e daí colocaram tudo para fora. Uns começaram a ficar com medo de perder suas coisas e desprotegidos se sentiam. Acovardados, botavam tudo de volta... Não, não era aquela a solução disseram alguns. Entrementes, um poço ficou curioso com aquele vazio proporcionado pela escavação. Sentiu algo diferente em ficar sem nada e resolveu tirar tudo de novo e reiniciar o bota fora. Os vizinhos aproveitaram e pegaram logo umas coisas que o outro poço jogava fora. Dia e noite o poço ficava mais fundo e a medida que ficava mais profundo menos escutava a fofoca dos poço vizinhos. Um dia depois de tanto cavar achou água... água de montão! Contente jogava água para o alto, chapinhava, bochechava, batia palmas. Do outro lado daquela cidade um outro poço resolveu também cavar, repetiu a mesma atitude do primeiro, com o tempo chegou também a água, claro. Os dois com o tempo começaram a cavar um túnel ligando seus poços; a água de um abastecia o outro e vice-versa. Esta comunicação despertou a atenção de outros poço e com o tempo havia novos poços se comunicando também.
Te encontro na água... Amor, sempre amor, Beijos


enviada por ele que vive na cidade "sanduíche"