22 de jun. de 2008

HISTÓRIAS DO MEU PAI nº1

"OSTEOMELITE - Tu tens osteomelite, guri.. Mas nós vamos te deixar novinho em folha." Isto eu escutei de um médico ( meses e meses depois de muita dor e febre) não me lembro qual de tantos que me trataram. Do veredicto da pequena dorzinha no meu joelho, pra depois o inchaço e febres intermináveis - foram 09 anos de operações e hospitais ao longo da minha infância (devido à falta de conhecimento de tratamentos e falta de recursos para ir até um hospital melhor...) A mãe queria saber onde eu tinha me machucado. Eu tinha e tenho até hoje duas hipóteses: 1)Um bate bola com os imãos mais velhos. Eu de goleiro, encostado no galinheiro feito de tábuas. 2) Eu gostava de passar do alto de uma pereira para um pé de caqui. Quando eu estava quase conseguindo, como fazia sempre, o galho da pereira quebrou e eu cai lá do alto....

Não sei, não me lembro. Eu só tinha 07 anos. Mas o que é osteomelite? De 1945 a 1954 foram 13 operações. Operações em cima de operações cicatrizadas, minha perna foi ficando esburacada. Eu continuava brincando com os meus amigos e correndo, mesmo com uma perna dobrada e dura. As minhas correrias faziam sair mais sangue e apareciam na minha calça o que assutava meus amiguinhos. Foi mais ou menos nesta época que escutei pela primeira vez a palavra que me arrasou e modificou o meu jeito de ser. Um menino falou que não jogaria mais futebol comigo porque eu era um ALEIJADO. Até aquele dia eu nem sabia o que era um aleijado....(continua)"



Meu pai teve uma infância de provações. Passou humilhações, chegou a sair antes do cinema que tinha como personagem um deficiente físico, com medo que as outras crianças tirassem sarro. Perdeu amigos que tinham vergonha dele e até foi expulso do desfile escolar de 07 de setembro por uma professora, porque ele era "manco" e isso atrapalharia a "beleza" do desfile. Diz ele que ele "estava tão animado com o desfile, pensava na mãe e irmãos o vendo marchar..." Foi vendo os amigos sumirem marchando e o silêncio na rua. Ele sozinho, encostado no muro. Expulso do desfile. Ali perdeu o sorriso por um bom tempo em sua vida... E hoje, sua deficiência é charme - anda mancando bem de leve, quase não se percebe. Mas é difícil explicar como um homem que passou por tudo isso pode ser tão de bem com a vida, tão generoso, tão feliz, tão bem humorado, tão carinhoso, tão justo e humano. Fico pensando quantas vezes ele deve ter ficado com vontade - ao escutar nossas reclamações da vida - jogar na nossa cara o que era sofrimento de verdade. Mas não, nunca fez isso. Nunca usou disso pra dar exemplo.....Minha maior lição de vida é o meu pai. Te amo, paizão!



autoria: luizcarlosmorallescaldas - meu pai.

Vai ser borboleta, vai!


Essa é para a amiga com nome de flor: é a melhor definição para você neste momento – uma semente explodindo em cor , perfume e colorido. Arrebentando a terra, crescendo, aparecendo e desafiando as intempéries ao seu redor. Tava ali escondidinha debaixo da terra, no escuro, no conforto cômodo de não ver a luz, nem as tempestades, nem o amargo e muito menos o doce da vida como ela é. Foi você que me falou ontem: “as vezes temos que deixar os ciclos se fecharem, mesmo contra a nossa vontade. As vezes a gente acha que é hora, mas ainda não é....”. Assim como a natureza.

Teu ciclo é o da primavera, amiga! Vai lá voar feito borboleta, Angélica!


beijo da sua amiga Ana Carolina

Ps: Logo, logo eu te encontro também, feito borboleta.