24 de dez. de 2008






Basta um Milagre


Então, é Natal....
Apesar de tudo
da falta de crença de uns
do olhar consumista de outros
e ainda do esquecimento de muitos
Não há quem não olhe para dentro
e um pouco do milagre desse dia
renasça sentimentos por vezes esquecidos
ao longo do ano
Solidariedade, amor incondicional e perdão
Ah! Irão me dizer que não basta só agora
Mas basta....
É claro que basta....
Alguns minutos de conversa com a senhora esquecida pela família
Bastam...e ficam na memória, e a refazem e a relembram o quanto
já foi amada e pode ser de novo.
Um olhar amoroso ao amigo que se sente solitário
Basta...
Por que o aquece e lhe dá forças pra acreditar que tudo pode ser diferente.
Uma história divertida pra embalar os sonhos da criança abandonada
Basta...
Afinal, ela tem a vida pela frente e não pode deixar de sonhar.
Um abraço demorado, um beijo com ternura ou mesmo um aperto de mão
ao afeto que por algum motivo transformou amor em rancor
Bastam...
Pois é Natal, e os milagres acontecem e se você quiser podem perdurar
pra sempre.


Basta o Natal pra gente relembrar o que realmente é importante na vida.
E que em 2009 possamos fazer pequenos milagres diários em nossas vidas fazendo o bem por outras vidas!

Um Feliz Natal aos amigos que guardo no coração

Ana Carolina

23 de dez. de 2008


Desejo distraído

Era mulher admirada, por vezes invejada e no fundo, acabrunhada da vida.



Tinha “um que” de gente de outros tempos, o que a fazia pensar nas causas do passado que pudessem ser a explicação da vida de agora. Sorriso era algo que todos os dias, mesmo com a tristeza lhe enfiando a faca no peito, ela dava. Nem que fosse sorriso para dar bom dia aos que lhe faziam lembrar o que era sofrer. Sentou perto da janela, toda estrelada, respirou fundo e se pôs a pensar no futuro. Tantos sonhos cansados. Tantas ilusões. Por alguns minutos lembrou que havia agido sem pensar, e mais uma vez por instinto apostou errado. “- Não, de novo não. Sem continuidade, sem profundidade , só superficialidade. De novo.”


E olhando para o céu estrelado que por tantas vezes lhe deu esperança. Fazia pedidos, desde criança, para as estrelas. Quase sempre dormia contente porque era otimista e acreditava na máxima “a sua mente cria a própria vida.” Riu ao lembrar dos jogos ilusórios que sempre fez com ela. Dessa vez, relembrou passado recente e começou a contar as várias situações parecidas pelas quais havia passado.
Com lágrimas rolando pelo rosto, suspirou. Resolveu que não faria mais pedidos para as estrelas. Fechou a janela, as cortinas. Deitou na cama e desabou a chorar.


Depois de tanto choro, aquele vazio que por tanto tempo tentou esconder. Um vazio que estava escondido, mascarado pelas tantas vezes que se aprisionou dentro de si, fugindo ou ferindo. Um corpo emprestado e uma alma machucada. Este foi o balanço final da moça que naquela noite adormeceu. Nem imaginava que ao seu lado, ele sorria, porque agora tinha esperanças que o caminho havia se endireitado. Sem ilusões, sem fugas, sem desrespeito...Ela acordaria, talvez, um pouco diferente do que era. Diferente por que no outro dia, ela relembraria dos erros e caminhos perdidos. Foi assim mesmo.
Lembrou do quanto não se deu valor e esperou isto em braços perdidos. Totalmente perdidos.


Já caminhando pelas ruas perto da sua casa, sentiu um estalo como se viesse do fundo da sua história. Tanto tempo não sendo quem era. Tempo gasto “ encontrando-se” com os vazios, as fugas e tentando se perder..
O estalo veio para explicar. Que ela havia se encontrado e não se parecia nada com aqueles fantasmas todos. E na mesa da padaria, tomando café, perguntou “- Mas por que fiz tanto esforço pra fazer tudo errado. Porque mesmo não sendo eu, me esforcei pra ser. E por este motivo, repeti tudo de novo, tudo errado.?” Enquanto esperava esfriar o café, entendeu o que estava ali na ponta do seu nariz. Era muito simples e descomplicado ser a pessoa que ela era. Portanto, não demandava esforço. Mas, ela achava que a coisa devia ser complicada...E lembrou de quando, por alguns minutos, foi de verdade. Até suspirou nesse momento, como os apaixonados.



Era isso! Quando foi sua alma de verdade, sentia-se apaixonada.... E quantas maravilhas, pessoas e situações lindas, como se encomendadas pelo universo. “-Ah lá vou eu de novo com as frases esotéricas. Universo!? Talvez....talvez o universo esbarre na gente quando estamos distraídos, não preocupados com os olhos alheios e nos deparamos com os milagres da vida...”, pensou.
Lá foi ela novamente para rua caminhar....E realmente, sentia-se leve, mais leve. Não estava mais preocupada com o sim dos outros. Apenas o seu. Disse em voz alta, inclusive. Assim no meio da rua, disse sim. Era um sim para a sua alma que naquele momento se libertava.



Mas, antes de entrar no ônibus em direção ao trabalho, rezou. E como sempre fez um pedido. Dessa vez não dependia de muito esforço. Apenas um: “ Seja lá o que for esta energia que nos move, peço apenas que eu viva com amor no coração e que este amor nunca me falte. Que ele me faça rir comigo, que ele me faça sentir prazer e alegria com os meus passos dados. Que este amor seja o remédio para todas as feridas causadas pelos minhas crenças equivocadas a meu respeito. Amor o bastante para transformar minha vida em uma grande história de amor. Um amor que nunca tire meu brilho nos olhos.” Pela primeira vez ela não pediu um amor “de verdade”. Mas pediu que o universo a devolvesse . E assim foi.



Aos poucos ela foi sentindo seu poder de ser o que é. Foi sentindo-se digna, segura e feliz. Foi caminhando sem repetir os erros para provar suas fraquezas. Caminhou altiva, e tanta gente estranhou. Ela não era mais a mesma. Só ela sabia que agora sim, era ela mesma.



Acordava pronta para encher o dia de boas experiências, dormia e muitas vezes voltava a chorar. Mas não sentia mais o vazio no peito. Vez ou outra sentia-se triste, mas achava bom por que no outro dia valorizava cada sorriso dado e recebido.As situações que provocaram ilusões e erros, retornaram. E ela comemorou. Não precisou repeti-las. Muitos sumiram, pois não a tinham mais como corpo para provar suas fraquezas....Novas sintonias, um pouco de solidão, novas sintonias e eis que...assim como ela gostava de viver, distraída, destas novas sintonias, um coração esbarra com o dela. Um coração tranqüilo, bonito e sorridente...Assim, parecido com ela. E, cada um com a sua felicidade, encheram as ruas com tanto amor. Que não se dividia, apenas somava e se respeitava.


E naquela noite, em que seu corpo foi amado junto a alma, ela o viu dormindo. Levantou da cama, abriu as cortinas e a janela, olhou para a noite estrelada que parecia ter sido encomendada para momento tão importante. E, assim como uma criança arteira, piscou para uma das estrelas, e apenas disse: “- Muito obrigada!”

13 de dez. de 2008

Ela vem...
Nada impede que a vida se realize.
Nem mesmo você.
A passos lentos
Ou um infinito silêncio
Vem forte, rude
Uma grande tempestade
Lá vem ela para te fazer viver...

3 de dez. de 2008

Resposta da vida


A vida está a espreita.
Na expectativa.
Olhei pro céu
Pedi apenas proteção.

A vida está duvidosa
Na incerteza
Olhei pros lados
Pedi apenas luz.

A vida está no caminho
Na estrada.
Olhei pra frente
Pedi força e fé.

A vida está como devia estar
No destino
Olhei pra trás
Pedi compreensão.

A vida.
Vai me dar as respostas.
Dentro de mim
Pedi resignação e amor.

2 de dez. de 2008

Viva o luto morto



Não saberia definir “gravidez”. Espera? Esperança? Contratempo? Silêncio? Luto? Ressurreição? Há muitas perguntas. Há poucas respostas. Perguntas e respostas tantas vezes já feitas e nunca encerradas. O tempo longo da espera faz de sentimentos bricolagem; das dores, esperança; dos medos um misto de pavor e confiança. Gravidez é negação do tempo antigo. É a contradição do velho grito em nome de um silêncio profundo... lento... doloroso... encantado... É germinação que mata a semente para brotar novidade.Vivamos o luto para ressurgir mais forte.Vivamos o luto para encarar a luta. O luto morreu. Viva o luto morto. Viva a revolução!
Não há, há Não


Não há tempestade que não passe.
Não há sofrimento que dure.
Não há mágoa que não cicatrize.
Não há dúvida que perdure
Não há medo que impeça de caminhar
Não há caminho que não se possa voltar
Não há estrada que nunca será trilhada
Não há dor que não passe
Não há história que acabe
Não há vida que pare
Não há força que enfraqueça
Não há batalha que te esmoreça
Não há confusão que não se ilumine
Não há dia que não surpreenda
Não há perdão que não se possa dar
Não há mudança que não possa se protelar
Não há virada que se possa demorar
Não há coração que endureça para sempre
Não há caminho que não possa ser reiventado
Não há você sem continuar em busca da felicidade
Não há vitória sem fé.

28 de nov. de 2008

Valeu

Por todos os que já torceram por mim, valeu.
Pelas pessoas que disseram sim, valeu.
Pelos amigos que nunca souberam dizer não, valeu.
Por todos que de algum modo quiseram me ajudar
Pelos que nada falaram pra não atrapalhar
Pelos olhares que olharam como se eu fosse mar.
Valeu! Por todos os dias que o sol vem me acordar
Valeu! Por todas as frases que vem me acalentar
Valeeeu...antes que eu me esqueça
Pelo que me foi ofertado como gratidão
Pela família aos domingos, pela casa e pelo pão
Pelos que foram antes que eu pudesse lhe dizer, perdão.
Tantas palavras e chances que o tempo já levou
Mas olho pra trás e prefiro risadas ao rancor
Por tantas vezes podíamos ter dado algo mais, amor.
Valeu a mão estendida no olho do furacão, valeu.
A voz aquecida, o conselho e a lição, valeeeu
Antes que eu me esqueça, que eu não possa mais dizer.
Valeu.


música de Guto Gomes (Bahia)

27 de nov. de 2008


De lagarta a borboleta, de lagarta de novo...



A vida é isso aí, meu irmão!
Ou diria Buda, a vida é impermanente!
Ou alguém mais diria, ela é cíclica.
Mas eu lhes digo, ela é um dia após
o outro, apenas.
Ela são nossos pensamentos
sobre o amanhã, nossos suspiros e também
nossos lamentos no dia de hoje. Ela é a lembrança
que dá frio na barriga, mas também as lições que lhe fizeram
sofrer.
Pois bem, a vida é um vai e vem entre o casulo e o céu
Entre a lagarta e a borboleta.
Num dia só dá para ser tudo isso.
E quem vai dizer que não?
Quem tem medo de sofrer.
Quem tem medo de voar.
Quem tem medo de chorar
E depois cair na gargalhada!
Ah...Cada vez mais as previsibilidades,
os julgamentos do certo e errado, as regras,
as satisfações...me enchem....
A vida é o meu casulo: o que eu penso, sinto,
planejo, sonho, sofro, erro...
A vida é o meu vôo: minhas alegrias, meus aprendizados,
meus afetos, meus passos dados, o ar que respiro.
E cabe só a mim saber desse casulo e desse céu azuuuul!
Então, pra vocês daqui pra frente reservo meu sorriso, meu silêncio
ou simplesmente um adeuzinho....
E para vocês, sabem bem quem são, algumas horas de conversa.
Pois vocês, só vocês, eu reservo um lugar nesse meu casulo.
Afinal vocês o conhecem, compreendem , não julgam, me amam.
Quero dar as mãos para os vôos mais lindos ,
com estes poucos que sempre estarão sorrindo ao me ver voando...
E voarão junto...
Afinal vocês, são as minhas borboletas que estão
ao meu lado, apenas ao lado, quando volto...
lagarta de novo
...


23 de nov. de 2008

Boa companheira


Sabe aquela alegria que vem sem sentido.
Vem quando não devia vir
Afinal, as coisas estão todas de ponta cabeça
Tudo virado, mudado, desacertado!
E essa louca chega assim
E deixa assim também tudo ao redor!
Ah! A razão, a lógica, as regras, os olhos
Avisam que isso não é coisa de gente muito certa
A tristeza e a depressão combinariam melhor
Com a ocasião...
Mas não é que a alma dança, o coração está aos pulos!
Os pés como se estivessem voando, os braços
loucos para sair abraçando
Os olhos, os olhos brilhando
Ávidos por cada minuto
Que se passa nessa vida
Curta, imprevisível
Que chega e diz
Aproveita!
Descomplica!
Afirma!
Encoraja!
Ama!
Respira!
Vai em frente
E só ela, pode ser
Nessa estrada
Sua boa companheira
Alegria!



autoria: anacarolinacaldas

16 de nov. de 2008

A coragem de fazer a diferença


Uma pessoa só pode fazer alguma diferença em pleno caos?
As ações de uma única pessoa poderão modificar um sistema social vigente?
Quantas vezes utilizamos como desculpa a frase: De que adianta? Sou somente um na multidão...
Mas, uma mulher, durante a Segunda Guerra Mundial, pensou diferente, agiu e fez a diferença para nada menos de 2.500 vidas.

Pouco conhecida embora, é chamada de A Schindler feminina.
Irena Sendler arriscou sua vida para salvar outras vidas.
Enfermeira, tinha trânsito livre no gueto de Varsóvia, um quarteirão de 4 quilômetros quadrados, onde foram colocadas 500.000 pessoas.

Espalhando notícias, entre os nazistas, de que tifo e outras doenças contagiosas acometiam os confinados no gueto, ela planejou e colocou em prática arriscada estratégia.
Seu objetivo: salvar o maior número possível de crianças judias, retirando-as do gueto.
A parte mais difícil era convencer as mães a lhe entregarem os filhos.
Lamentos, choro, gritos. Mas, em caixas de ferramentas, sacolas, malas, cestos de lixo, sacas de batatas, por dentro do casaco, ela ajudou a retirar crianças do quarteirão.

Por ser idealista, o horror da guerra não lhe arrefeceu a esperança da primavera de paz.
E ela preservou em dois frascos, enterrados sob uma árvore, as identidades de cada uma das crianças: nome verdadeiro e para onde fora encaminhada.
Conseguiu adesão de mais de uma dezena de pessoas, através das quais conseguia documentação falsa para os pequenos.

Em 1943, ela foi presa e levada à prisão de Pawiak. A Gestapo desejava que ela confessasse o paradeiro das crianças: quantas seriam? Quem seriam? Onde estavam? Quem a havia auxiliado?
Irena teve quebrados seus pés e suas pernas e sofreu as mais vis torturas. A ninguém delatou e nada informou.

Condenada à morte, foi salva a caminho da execução por um oficial alemão, subornado pela Resistência.

As pernas fraturadas e as torturas sofridas tiveram como conseqüência a cadeira de rodas, que ela suportou sem reclamações nem queixas.

Manteve, até o final dos seus dias, a serenidade no olhar e o sorriso nos lábios.
Essa mulher corajosa desencarnou no dia 12 de maio de 2008. Foi indicada pelo governo polonês, com o apoio do governo de Israel, ao prêmio Nobel da Paz.
As vidas que salvou das garras do horror nazista e frutificaram em filhos e netos, não a esquecem.

Muitos a foram visitar, no pós-guerra.
Ela figura entre as 6.000 polonesas que ganharam o título de Justo entre as nações, concedido aos que trabalharam pelas vidas dos seus irmãos, nos negros dias da guerra vergonhosa.
Uma mulher que fez a diferença, com vontade e determinação.
Fez a diferença porque não ficou reclamando da situação em que mergulhara a Polônia, mas colocou mãos à obra e realizou a sua parte, acenando esperanças.

* * *
Pensemos nisso, reflitamos e verifiquemos se, nos dias que vivemos, a nossa voz, a nossa atitude, o nosso gesto não pode fazer a grande diferença entre a morte e a vida, entre o desespero e o cântico da esperança.
Pensemos...


Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Irena Sendler, colhidos nos sites http://www.slideshare.net ; noticias.uol.com e pt.wikipedia.org.Em 11.11.2008.

8 de nov. de 2008

Rachel

Mais uma criança. Mais um ato de violência e a banalização.
No dia em que ela foi achada eu li a notícia assim como todos os outros brasileiros que todos os dias sentam-se à frente da televisão e assistem o noticiario da TV. Sinceramente, mesmo que eu seja alguém que procure sempre lutar contra todas as injustiças do mundo, me portei como alguém que lia indignada mais uma notícia de violência, mas que minutos depois mudaria de canal ou página....
À noite, um amigo me informou que ela era filha de um amigo seu. Reli a notícia e vi que eu conhecia seus familiares. Eu sinceramente fiquei assustada com a minha postura, com a minha sensação apática, como se aquilo fosse só mais um caso. Eu fiquei revoltada com a minha falta de indignação...Depois, contei a um amigo da Bahia o que tinha acontecido e ainda comentei que ela era parente de conhecidos. Ele lamentou e comentou: “Aqui hoje uma menina foi morta a facadas.” E então todos os dias saindo ou não nos noticiários, casos, inúmeros casos iguais a esses acontecem... e estão nos amortizando, banalizando, tornando-se normais. A violência é a normalidade em nosso cotidiano. E sinceramente, estamos perdendo o senso da indignação....Os bandidos, os pedófilos, os dementes estão nos ganhando....

Sem querer fazer apologia política. Sem querer levantar bandeiras por mais segurança ou isso ou aquilo....quero voltar a fazer gritar minha consciência que foi acordada quando se deparou com a própria apatia, quero fazer minha revolta se transformar em ação e pedir não justiça, mas pedir que o mundo se humanize. Não pedir apenas. Fazer com as minhas próprias mãos a justiça divina. A justiça do amor, do cuidado com o outro, a justiça principalmente de fazer valer a vez do ser humano. Ser humano...e com ação levar a mensagem que é a hora é agora. Agora é hora de ser humano.

Quero mais do que nunca lutar sim por um mundo mais humano, amoroso, solidário. Não sei como...pois nos sentimos impotentes frente à atrocidades como esta e parece muitas vezes não haver saída. Mas por todas as meninas como Rachel, eu quero fazer acordar minha consciência e me colocar à disposição para fazer desse mundo um mundo melhor.

Se eu estou nesse mundo é para isto. E você também.
autoria:anacarolinacaldas

6 de nov. de 2008

Meu Pai e Eu

de Airton Pimentel

Antes de partir meu Velho me entregou o seu Chapéu
E disse : “Agora meu Filho vais cumprir o teu papel”
Sempre segui seus conselhos de quem agora esta no céu
E seu velho Chapéu de Feltro eu guardo como um Troféu.
Parece que vejo meu Pai quando olho-me no espelho,
Ele quando era mais novo e eu quando estiver mais velho.
O Tempo vem, o Tempo vai Meu Pai e eu, eu e meu Pai
Agradeço a Deus ao Pai que me deu
Quem tem seu Pai agradeça a Deus.
Se me confundem com Ele quando me vêem passando
Abro os meus braços prá queles que em mim estão Lhe abraçando.
Carrego em meu Coração a Tradição e o Sobrenome,
A mais alta distinção que pode alcançar um Homem.
Parece que vejo meu Pai quando olho-me no espelho,
Ele quando era mais novo e eu quando estiver mais velho.
O Tempo vem, o Tempo vai
Meu Pai e eu, eu e meu Pai
Agradeço a Deus ao Pai que me deu

Quem tem seu Pai agradeça a Deus.

... Sem choro, apenas muitas alegrias, 'Brahmas', Churrasco e boas e acalentadoras Lembranças!!!

Abraços à Todos

du Véio Maragato_i_Crioulista (cultuador da Eqüina Raça Crioula)
do primo Nelson Caldas pelo aniversário do meu pai

5 de nov. de 2008

AQUILO QUE FLUI

Só isso que permanece
O resto não era para ser.
Não fica
Vai embora.

O que flui
Sereno é.
E prova o amor
Incondicional

Perdoa
Supera
Silencia
Olha, entreolha
E compreende
Apenas, sente.

O que flui
Sintonia é.
E comprova a verdade
Que liberta

Socorre
Ajuda
Comemora
Vai junto, sem disputa
E vibra
Apenas, flui.



autoria:anacarolinacaldas

12 de out. de 2008

HISTÓRIAS DO MEU PAI Nº 04

MEU AMIGO PROPÍCIO, “O HOMEM NU’’

Propício era o único amigo que eu tinha. Ele morava em uma casa em frente ao barracão, onde fica a nossa casa. Meu amigo não “batia bem de rosqueio”, como se diz para um cara meio loquinho. Era apaixonado pela minha irmão Vilma. Quando ela aparecia na janela da cozinha onde ela ficava do meio dia até as duas horas – lavando, enxugando e guardando louça, o Propício só queria saber de brincar ali na frente. Ele me dizia: “Será que ela quer casa comigo?” Nós tínhamos nove anos. Vê se o cara era certo?

Um dia ele me convidou para andar de avião, um que ele tinha construído. Era um tronco de árvore e uma tábua presa em cima do tronco, em forma de cruz, que seriam as asas. Ele mandou eu subir no avião para que pudesse “dar a partida”. Sentei no tronco e ele imediatamente: “ Se segura que nós vamos sobrevoar Caxias.” Fazia o barulho do avião com a boca. Então ele olha para baixo e começa a avistar as “belezas” de Caxias. “Olha lá, Luiz, a Praça Rui Barbosa! Olha o Cine Guarani! Olha o Campo da Juventude”. No começo eu só via terra e formiga em volta do nosso tronco (o nosso avião). Mas, com o passar do tempo eu comecei a ver também o que o “loquinho” dizia ver. Loucura é transmissível.

Ele tinha muitas coisas engraçadas. Uma delas era quando íamos para o centro de Caixas e ele então de repente parava na frente da gente e gritava: “Quer que eu diga um nome vem feio (um palavrão)? Aí então ele gritava, a todo pulmão: “Homem nu! Homem nú!” As pessoas que passavam olhavam espantados para aquele guri. Ele achava que “homem nu” era um palavrão muito feio. Pobrezinho, nem o próprio Pestalozi explicaria!

Um dia , quando eu já estava casado e morando em Curitiba, recebi um telefonema do Fernando lá de Caxias (ele me telefonava quase todas as semanas) me perguntando se eu tinha comprado o jornal Zero Hora. Aí ele me contou a notícia: “ Você viu a confusão que deu ontem com os funcionários tentando invadir o Palácio do Governador?” Quando eu disse que não, ele mandou eu comprar o Zero Hora para ler a entrevista com um dos tenentes, chefe da guarda do Palácio Piratini, sede do governo. “Sabe que é o tenente, o Propício!” Santa Maria! O cara tinha dez parafusos a menos e agora era chefe da guarda do palácio. Só mesmo gritando bem alto: “Homem nu! Homem nu!
autoria: Luiz Carlos Moralles Caldas - meu pai

HISTÓRIAS DO MEU PAI Nº 03



OS HÓSPEDES DA MINHA MÃE


Um dia apareceu em casa para ficar apenas “uns dias” uma senhora que eu não lembro quem era e o seu filho, um tal de Faeco. Esse guri tinha a minha idade mais ou menos e era o cara mais guloso que eu conheci. Quando a mãe vinha com o prato pronto da cozinha para servir um por um como ela tradicionalmente fazia, ele gritava: “ Para quem é este pratarrão?” A mãe respondia: “É pra ti, Faeco!”. O guloso dizia: “Mas só esta misgainha?”

Um dia deu uma caganeira nesse esfomeado que ele correu para o banheiro na hora que estávamos comendo a sobremesa – uma farta distribuição de laranjas. Não é que o tal de Faeco estava com a porta entreaberta para nos espionar, para ver o que estávamos comendo em sua ausência?! Quando ele viu, começou a gritar: “ Eu também queroooo laranja!” A mãe perdeu a paciência com ele e carregou da cozinha meio saco de laranjas e colocou bem na frente do rapazinho que continuava “sentadito” no trono. Ela fez isso para ver se ele se ofendia, mas que nada. O retardado ainda reclamou: “Mas cadê a faca?” Com faca e tudo, ficou lá cagando e comendo laranjas por umas duas horas mais ou menos. Só ouvi a mãe dizer: “ Este guri é fraco da cabeça, parece um biguá.” ( Biguá é uma ave pernalta que come peixe. Quando seu papo já está cheio, continua comendo só que os peixes entram pelo bico e saem pelo rabo na mesma hora.)


Outra senhora que também não lembro o nome foi passar “uns dias” em nossa casa e levou sua filha que tinha uns trinta anos e precisava recuperar a saúde, já que ela estava com anemia. Parece que as comadres da mãe nunca tinham ouvido falar de hospital! Era tudo lá em casa. O problema é que eu fui vítima da anemia a fulana.

Uma certa manhã fui fazer a inspeção rotineira no meu galinheiro e dei falta de um dos meus frangos de briga. Voltei para casa e entrei na cozinha para relatar o que tinha acontecido para a mãe. Foi um choque para mim. O meu frango estava dentro do panelão. Comecei a chorar e a mãe me levou par a fora e me explicou a bondade que tinha feito com o meu galinho: “Cala a boca, Luiz! Tive que matar o frango para fazer um caldinho porque a fulaninha está fraquinha.”

Imaginem o tamanho da minha raiva depois desta. Fui para cama entre lágrimas e com muita fé e respeito rezava: “O meu todo poderoso criador da terra e do céu. Dentro da sua infinita bondade, faça um favor para este seu servo que tanto lhe ama. Mate estas duas desgraçadas, ainda hoje se possível.” Mas, Deus não me ouviu.

A nossa hóspede, a mãe da fracote, dormia até as cinco da tarde, acordava e aparecia na sala com toda aquela vasta cabeleira branca, em pé parecendo uma alma de outro mundo. E dizia: “Já beberam café? Nem me esperaram.” Pobre da mãe, ainda tinha que ouvir isto. ( O tal “de quem é este pratarrão” e o “já beberam café” ficaram famosos em nossa família e anos e anos algum de nós sempre repetia.)
autoria: Luiz Carlos Moralles Caldas - meu pai

10 de out. de 2008





A sorrir....


Ah! Hoje lembrei do eco das risadas
Elas em tantos lugares
Com tanta gente
Em tantas horas

Abria a boca como se abrisse a porta do mundo
E ria com vontade
Como um aviso pro mundo
Que se queria ser feliz, pra sempre

Dá uma saudade, até.
Do eco lá de quando a gente vivia junto
Da casa cheia, da gente reunida
Da vida mais colorida

Uma infância em que o grande barato
Era contar ao final do dia
O quanto se riu
Da cara de um e de outro, ou do tombo
ou ainda da melhor piada

Agora, é tão bom quando um pouco disso volta...
Mas não é todo dia
Acho que é por isso, que todo dia
Dou um pouco de risada...de qualquer coisa.
Um pouco que seja.


E sorrio pras lembranças da menina mais risonha
Que naquela rua por lá andava
Brincava de ser princesa ou de bruxa
Mas sempre, mesmo quando aquela melancolia
que a perseguia chegava de uma hora pra outra
Ela batia o pé, e dava uma boa gargalhada!
da Ana, cara de banana!


autoria: anacarolinacaldas



de Caio Fernando de Abreu



"...sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu Deus como você me doía de vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes pra abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meu Deus como você me dói de vez em quando"


"... tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso, não me venha com essas história de atraiçoamos-todos-os-nossos-ideais, nunca tive porra de ideal nenhum, só queria era salvar a minha, veja só que coisa mais individualista elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara."


"Abraçe a sua loucura antes que seja tarde de mais"


"...depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro"


"Não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais auto destrutiva do que insistir sem fé nenhuma? Ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça, toca meu coração com teus dedos frios, eu tive tanto amor um dia."


"Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva."


"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também."

"Os homens precisam da ilusão do amor da mesma forma que precisam da ilusão de Deus. Da ilusão do amor para não afundarem no poço horrível da solidão absoluta; da ilusão de Deus, para não se perderem no caos da desordem sem nexo."

"E recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa só existência. É por isso que me esquivo e deslizo por entre as chamas do pequeno fogo, porque elas queimam - e queimar também destrói."


"Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez."



"Não sei, deixo rolar. Vou olhar os caminhos, o que tiver mais coração, eu sigo."
Frágil
...você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.


Caio Fernando Abreu
PRINCÍPIO DO VAZIO

Juntamos objetos que são inúteis?
Como juntar dinheiro e não gastar, pensando que no futuro vai faltar?
Roupas, utensílios, etc. e outras coisas que já não usamos?
E dentro de nós?
Guardar o ruim: tristezas, mágoas?

É anti prosperidade...
É preciso criar espaços, um vazio para as coisas novas.
Eliminar o que é inútil para que a prosperidade venha.
É a força desse vazio que absorverá e atrairá o que desejamos.
Enquanto estivermos material e emocionalmente carregados de coisas velhas e inúteis não haverá espaço aberto para as novas oportunidades.
Os bens precisam circular!
A atitude de guardar coisas inúteis amarra a vida.
Não são os objetos guardados que estancam a vida, mas a atitude de guardar!
Quando se guarda, considera-se possibilidade de falta.
Mentalizamos que poderá faltar, e que não se terá meios de prover.
Com essa postura, estamos dizendo que não confiamos no amanhã, e bloqueamos que o novo e o melhor venham
uma vez que se alegra em guardar coisas velhas e inúteis!


(achei por ai, não sei de quem é..)

8 de out. de 2008

DEFENESTRANDO....PELAS JANELAS DA ALMA
Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...


Vinícius de Moraes







PRIMAVERA



"A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera."





Cecília Meirelles

7 de out. de 2008

OCASO

Trata-se de tarefa difícil apenas quando não acreditamos que há uma grande força que nos impulsiona para a desacomodação. Muitas vezes a luz do novo, dos desafios, da experiência e inclusive das dificuldades que fazem crescer, não são suficientes para desfazer nossa cegueira. Medo de perceber que há muita luz, que há força quando se renasce, quando se recomeça. Assim como um parto. Amor, dedicação, cuidado, paciência, sacrifício, doação, dor, lágrimas, esforço, fé e amor. Nasce o novo nunca antes imaginado, mas gestado. Gestar-se é mudar de hábito. Portanto, é mudar de pensamento, é mudar de caminhos, é mudar de postura. É ter coragem de acreditar no que deseja acreditar, mesmo que apenas restem poucos ao seu lado, mas já é o suficiente pra recomeçar. Que estes poucos sejam aqueles que olham no olho, que tem humildade nos atos diários e pureza no coração. São eles, só eles que eu desejo ao meu lado e já os tenho. Coragem para libertar a alma. Coragem ao saber que se anda sozinho, porém que há tanta coisa ainda não vivida....









Mas, agora é hora do ocaso. Assim como o sol se põe, é hora de se aquecer, se refazer... O pôr do sol é normalmente mais brilhante do que o nascer do sol, pois a matiz de vermelho e laranja são mais vibrantes.... Assim também como é ilusão de ótica o tamanho que damos a ele, assim perto da linha do horizonte...Fazemos o mesmo com os problemas, com os novos caminhos, com as decisões, com as mudanças....tamanhos e medos ilusórios. Depois do ocaso, há sempre o novo dia pra renascer, há sempre a alvorada, a esperança, a coragem, a nova energia , a novidade e a vida, vida nova que lhe espera todos os dias ....todos os dias.


autoria:anacarolinacaldas

5 de out. de 2008

A PROCURA

Andei pelos caminhos da Vida,
Caminhei pelas ruas do Destino
procurando meu signo.
Bati na porta da Fortuna,
mandou dizer que não estava.
Bati na porta da Fama,
falou que não podia atender.
Procurei a casa da Felicidade,
a vizinha da frente me informou
que ela tinha se mudado
sem deixar novo endereço.
Procurei a morada da Fortaleza.
Ela me fez entrar: deu-me veste nova,
fez-me beber de seu vinho.
Acertei o meu caminho.


Cora Coralina - Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas

19 de set. de 2008

Me deixa...

Quero pensar em tudo
Então mundo me deixa quieta no canto
Quero organizar os pensamentos dos últimos anos
Mas sem a culpa de estar cá com os meus botões
Me deixa
Quero ordenar a vida
Mas de um jeito meu e não do teu, nem do teu
E muito menos do teu....
Desse jeito que eu já achei
Que me acalma a alma
Tão calma como o colo ao fim de uma longa viagem.


Permissão pra ser livre, Dona Alma!

Culpas de todos os tipos me assombram apenas pelo simples motivo de eu desejar ficar quieta, ficar parada um pouco, ficar sem posição, ficar sem opinião, ficar sem dar satisfação! Não se tem permissão. Dá licença, eu me dou permissão a partir de agora e pra sempre. Permissão pra ser livre da imposição de fazer tanta coisa que fazemos porque a gente vive com as regras que não estão em sintonia com a nossa alma....Ela me pediu liberdade. Estou a concedendo. Eu morro pra ela viver. Morre o meu corpo marcado pelos dedos dos julgamentos, pelos olhares do “vigiar e punir” da sociedade em que todo mundo vigia o outro para que ninguém faça o que todo mundo adoraria fazer. O corpo cansado da guerra das vaidades. Cansado das disputas. Cansado da arrogância. Vou descansar enquanto minha alma vai me levar pra sair por aí e viver generosamente o que a vida além das traves dos meus olhos podiam alcançar. Vou renascer por ela e com ela. Vou fazer apenas o que ela mandar! A Dona Alma.
autoria: anacarolinacaldas

8 de set. de 2008

Examina teu Desejo



Mediunidade é instrumento vibrátil e cada criatura consciente pode sintonizá-lo com o objetivo que procura.

Médium, por essa razão, não será somente aquele que se desgasta no intercâmbio entre os vivos da Terra e os vivos da Espiritualidade.

Cada pessoa é instrumento vivo dessa ou daquela realização, segundo o tipo de luta a que se subordina.

“Acharás o que buscas” – ensina o Evangelho, e podemos acrescentar – “farás o que desejas”.

Assim sendo, se te relegas à maledicência, em breve te constituirás em veículo dos gênios infelizes que se dedicam à injúria e à crueldade.

Se te deténs na caça ao prazer dos sentidos, cedo te converterás no intérprete das inteligências magnetizadas pelos vícios de variada expressão.

Se te confias à pretensa superioridade, sob a embriaguez dos valores intelectuais mal aplicados, em pouco tempo te farás canal de insensatez e loucura.

Todavia, se te empenhas na boa vontade para com os semelhantes, imperceptivelmente terás o coração impelido pelos mensageiros do Eterno Bem ao serviço que possas desempenhar na construção da felicidade comum.

Observa o próprio e encontrarás a extensa multidão daqueles que te acompanham com propósitos escuros na retaguarda.

Eleva-te no aperfeiçoamento próprio e caminharás de espírito bafejado pelo concurso daqueles pioneiros da evolução que te precederam na jornada de luz, guiando-te as aspirações para as vitórias da alma.

Examina os teus desejos e vigia os próprios pensamentos, porque onde situares o coração aí a vida te aguardará com as asas do bem ou com as algemas do mal.



Autor: Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier

24 de ago. de 2008

Eu não sei...
"No calor da casa logo após abrir a porta, tira os sapatos e sorri como sempre.. Sente-se protegida sempre ao chegar em casa, pelo menos nos primeiros minutos Passada a euforia da sensação única de terminar o dia e chegar em casa, quase sempre se lembra que fora ou dentro é seu corpo e alma que a protegem. E então se depara com um monstro maior que existe dentro de si. Da sensação de aconchego vai às lágrimas quase todas as noites. Sentimento de desamparo a corrói por dentro. Liga a televisão, lê um livro e se entrega para esquecer.... Sorri ao olhar para janela como se tentasse se convencer que há algo maior que um dia lhe será explicado. Fugas dentro de casa, fugas de si. O sono é mais poderoso que a vontade de fugir. Sua cama, sua casa, seu corpo; mais aconchego, mais solidão. Olhos abertos, as mesmas perguntas que acabou de fazer olhando as estrelas, faz novamente olhando dentro, dentro da alma. O que será que é pra fazer aqui nessa vida?"
autoria:anacarolinacaldas

13 de ago. de 2008

saudade do futuro


Saudade chega assim numa tarde de domingo
Estirada num colchão na varanda
Vendo símbolos nas nuvens que cortam esse céu azulado
Chega no cheiro de uma rosa
E uma lembrança gostosa
E quase consigo ouvir os sons das suas vozes
E ao fechar os olhos estou em um outro lugar
Com a calmaria tão parecida com essa
E a saudade já não é do passado
É do futuro que nunca existirá
A não ser nessa imagem criada
Artificialmente por uma mente saudosa
E ouço uma gargalhada de criança
E vejo um moleque fazendo arte ao lado do seu pai
E uma menininha tentando pegar o próprio pé ao lado da sua mãe
E uma avó feliz ao lado dos seus
E um avô compenetrado em aproveitar mais um instante
E sobram duas filhas contando causos
E um genro perdido na loucura
Que um dia chamamos de família
E não somos apenas seis
Sentados numa varanda
E as meninas já são mulheres e mães
E o menino já é pai
E os pais viraram avós
E cada um está num canto
Na sua própria varanda
Ou em nem isso
Vivendo de saudade
Da saudade de um futuro inatingível


autoria:angelicamaria www.nadamaisdomesmo.blogspot.com

9 de ago. de 2008


Os Filhos: Um presente de Deus

Quando a Andréa nasceu, eu chorei. Chorei de alegria ao ver aquela polaquinha com alguns fios de cabelo loiro e cara bolachuda e vermelha. Chorei, porque ela nasceu perfeita, como perfeita é até hoje. Foram 8 meses de tensão, isto porque a Lourdinha tinha se submetido a uma radiografia, quando estava grávida de um mês, mas não sabia. Ouvimos alguns "palpites furados", mas tudo acabou maravilhosamente bem. Até me esqueci que nós tinhamos certeza que seria menino, e veio uma menina linda. Naquele tempo, só se descobria o sexo depois do nascimento. Aliás, foi nessa hora que eu descubri que para os pais, filhos não tem sexo. São apenas filhos. Depois veio o Alexandre, crespinho, forte, bonito, de pernas grossas e curtas. Depois Ana, com seus olhinhos cor do céu e um semblante tranquilo trazendo paz. E por último, Andressa, morena, cabelos pretos, sombrancelhas grossas, uma mistura de cigana com índia brasileira. Quatro presentes do criador pra mim e pra Lourdinha. Como foi e está sendo bom ter voces como filhos. Todos se destacam nas suas respectivas funções. Todos com seus diplomas universitários, sem nunca termos exigido que vocês estudassem. Como foi bom ver e participar da caminhada de vocês. Do berço até a Universidade. Como é bom observar a retidão de caráter de vocês quatro. Continuem assim. Viver uma vida toda sem ter que baixar a cabeça pra ninguém. Viver uma vida toda sem levar desaforo pra casa. Viver uma vida toda sem ter que se humilhar, isto nem todo o ouro do Mundo paga.

Filhos. Eu adoro vocês.

Mensagem do Pai.
autoria: meu pai - Dia dos Pais/2008

3 de ago. de 2008

O que será


Dilúvio, tempestade, maremoto
Movimento só dentro
Anuncia mudança
Com medo e esperança
Eu espero

Só eu sei
Que isso vem
Só não sei
Se é pro bem

Ninguém mais
Sabe
Só eu sei
Sozinha me preparo
Pra isso que eu nem sei
O que é
Só sei
Que vem...



autoria:anacarolinacaldas

28 de jul. de 2008

Metade é e metade não é

Hoje olhei para ele
e me vi um pouco nele
Fomos cúmplices
de nós mesmos por tanto tempo
Lembro dos olhos teus
quando deixei
a nossa cumplicidade silenciosa
Sem ao menos ter combinado
essa saída repentina
Hoje olhei para ele
e vi nos olhos dele
o que vejo em mim
Nossa metade que é feliz
e aquela outra metade
que ainda espera ser feliz



autoria:anacarolinacaldas

21 de jul. de 2008

Pra falar a verdade....

As coisas não ditas
O nó na garganta
As mágoas
Câncer

Qual é o medo
Da alma escancarada
As verdades
Autenticidade

Quero menos hipocrisia
Mais olho no olho
Cartas na mesa
Leveza

Pra que demagogia,
diplomacia
Se é pra revirar o estômago
Prefiro ao meu lado
quem tem coragem
De ser o que é

Te digo,
Tá valendo a pena
Levar a vida com essa turma
Que teima em falar a verdade
E vão contra a maré
Dessa coisa morna
De querer agradar
Fulano
Beltrano e Sicrano....


autoria: anacarolinacaldas

28 de jun. de 2008

VOCE ME ENSINOU A CAMINHAR....


Senti e sinto que boa nova vem chegando.
O passado que nem vivi fez um rebuliço
na minha alma, no coração e por fim
na vida.

Uma lição da vida
que me gerou.
Um olhar que é doce esconde
teu sofrimento que te lapidou
pra virar diamante, jóia rara.

Pra fazer desse momento
tempo pra me lapidar
e só um pouco dessa tua
grandeza eu quero alcançar.

Minha grande lição de vida
Daqui eu vou sozinha,
sempre seguindo os teus
exemplos:

Apesar de tudo, você
sempre insistiu na vida
Apesar de tudo, tua arma
foi teu sorriso
Apesar de tudo, o amor incondicional
foi teu remédio
Apesar de tudo, teus olhos
iam além de você
Apesar de tudo, apesar de tudo
tua caminhada “diferente” é a coisa mais bonita
desse mundo!



autoria:anacarolinacaldas
Tempo.

Tem tempo pra tudo.
Tempo pra não ter tempo
Tempo pra não ter nada
Tempo pra dar um tempo
Tempo...

Tem tempo de tudo que é jeito
Tempo frio, tempo quente
Tempo que esquenta
Tempo que esfria
Tempo...

Tem cada nós um tempo
Tempo pra ser
Tempo só pra ter
Tempo pra dizer não
Tempo que é sim
Tempo....


Tem tempo sem nome
Tempo que é da vida
Tempo que é vento
Tempo que é parado
Tempo....

Um tempo pra pedir um tempo
Do tempo
Tempo de correr, tempo de parar
Tempo de ouvir, tempo só de olhar
Tempo pra sentir
O Tempo.

Meu tempo
É hoje e mais nada.


autoria: anacarolinacaldas

25 de jun. de 2008

HISTÓRIAS DO MEU PAI - Nº2

A Briga do Fernando com mais de 100, pra me defender


Com as operações perdi muita escola. Mas finalmente comecei a freqüentar um “grupo escolar”. Entrei com mais de 07 anos. Era a Escola Emilio Meyer e ficava na mesma rua que morávamos. A minha professora também morava na mesma rua, era a Dona Glaci.

Um dia eu estava no recreio, andando de um lado para o outro no imenso pátio. Comia tranquilamente meu pão com ovo, minha merenda diária, quando de repente aparece na minha frente o irmão Fernando.

Eu disse: Como é que você entrou aqui? (era proibido entrada de quem não era aluno) E ele respondeu: Isto não te interessa, seu bobalhão! Eu vi aquele guri te dar um encontrão e tu nem reagiu!

Ora encontrão a gente sempre levava, já que eram mais de 100 alunos correndo em tudo que é direção. Eu disse: Que guri? Eu não vi! Ele me respondeu: Tu já vai ver quem foi. Incontinente, ele correu atrás de um piá e deu-lhe um tapa na cara, que fez o guri sentar no chão. Aí ele olhou pra mim e disse: - Pronto, era assim que tu tinhas que fazer, seu covarde!

De repente, ouve-se um silêncio no recreio. Todos alunos se deram conta que havia um estranho dentro do colégio. E mais grave ainda, que tinha agredido um dos alunos. Começou o cerco no Fernando. Todos os alunos de guarda-pó branco, menos o Fernando. Ele puxou a minha mão pra eu fugir com ele. Já tinha derrubado até o pão com ovo. Era uma horda de alunos nos encurralando mais ou menos uns cem alunos e nós recuando.Era uma onda branca. O Fernando pulou uma pequena árvore que tinha no pátio, quebrou um galho e depois avança contra a gurizada. Foi um esparramo.

Fernando aproveitou a folga e mandou eu pular o muro. Eu pulei, ele veio atrás. Saímos numa rua de trás do grupo. Voltamos para ir para casa. Ele me xingando, porque eu disse que tinha que voltar para o colégio para buscar minha pasta. Porém, quando entramos de volta na Rua Mario Pezzi, onde nós morávamos e onde também ficava a escola...Surpresa! A escola toda nos encurralando de novo.

O irmão Fernandão disse pra mim: “Te encosta no muro, que eu já volto.” Saiu em dasabalada carreira e foi em direção à nossa casa. Eu fiquei ali mais acovardado que um coelho em frente a uma manada de lobos. Todos os garotos começaram a vir para cima e eu ali encostado no muro. Cheguei a pensar em dizer que não tinha nada com isso e que eu nem conhecia aquele louco...

Mas eis que a piazada começou a bater em retirada. Sabem por que? O Fernando vinha de volta correndo com um pedaço de ripa de dois metros de altura com uns pregos na ponta. O mano gritava uns palavrões e arrastava a ripa no chão e saía faísca pra tudo que é lado. Ficou engraçado: a rua tomada pelos alunos de um lado e o Fernando e sua ripa mágica de outro. No meio da multidão dos alunos, por azar do piá, o Fernando avista o dito que tinha me dado um encontrão. “Pra que, meu Jesus!” Foi direto no guri e disse: “Gurizada, vão embora. Deixem só ele aqui e dêem uma ripa pra ele.”

Arrumaram uma ripinha pro pobre do guri. Os alunos recuaram uns 10 15 metros da “arena”. O Fernando com a ripa de dois metros, eu na retaguarda tremendo de medo e de outro lado o gurizinho sentenciado.

O Duelo

O Fernando avançou em velocidade gritando palavrões, novamente. E dizia “Vou te matar, seu infeliz!” “Vou furar teus olhos”. O que aconteceu? O guri jogou a ripinha no chão e fugiu. Os outros torcedores também, todos afinaram. Cheio de moral, o Fernando continuava riscando no chão a ripa mágica. E os guris em tropel entraram na escola.

Eu que estava um pouco atrás, avistei o Fernando correndo, mas correndo muito. Aí eu disse: “Eles estão voltando”? E ele: “Os guris não. Quem vem vindo agora atrás de mim é o inspetor.” Corremos pra casa e fim de estória. Só não consigo lembrar onde é que ficou minha pasta!


autoria: Luiz Carlos Moralles Caldas, meu pai




Reproduzo aqui mais um trechinho já escrito pelo meu pai sobre o mano Fernando:

“ Depois de um duelo proposto por ele comigo, que nem começou, porque o Fernando tirou sarro do jeito que eu estava “em posição de luta”. Começou a rir, rir e rir cada vez mais. E eu furioso. Fomos os dois para casa e ele se matando de rir no quarto e eu escutando, me mordendo de ódio. A mãe pergunta porque ele estava rindo e eu respondo “porque é louco”. Na verdade ele tinha me derrotado só com a risada, sem me dar um tapa. Só com aquela gargalhada... que eu até hoje morro de saudades. Como este mano me faz falta. As vezes a saudade me dói por dentro....”

Meu pai e o Tio Fernando formam uma dupla infalível até hoje. O pai aqui na terrinha e o tio, meu padrinho, lá no céu sempre dando uma espiadinha por aqui. Durante toda a vida, talvez não tenha um dia que o Tio não tenha ligado pro pai – pra saber do futebol, dos filhos, da saúde ou falar de política...

22 de jun. de 2008

HISTÓRIAS DO MEU PAI nº1

"OSTEOMELITE - Tu tens osteomelite, guri.. Mas nós vamos te deixar novinho em folha." Isto eu escutei de um médico ( meses e meses depois de muita dor e febre) não me lembro qual de tantos que me trataram. Do veredicto da pequena dorzinha no meu joelho, pra depois o inchaço e febres intermináveis - foram 09 anos de operações e hospitais ao longo da minha infância (devido à falta de conhecimento de tratamentos e falta de recursos para ir até um hospital melhor...) A mãe queria saber onde eu tinha me machucado. Eu tinha e tenho até hoje duas hipóteses: 1)Um bate bola com os imãos mais velhos. Eu de goleiro, encostado no galinheiro feito de tábuas. 2) Eu gostava de passar do alto de uma pereira para um pé de caqui. Quando eu estava quase conseguindo, como fazia sempre, o galho da pereira quebrou e eu cai lá do alto....

Não sei, não me lembro. Eu só tinha 07 anos. Mas o que é osteomelite? De 1945 a 1954 foram 13 operações. Operações em cima de operações cicatrizadas, minha perna foi ficando esburacada. Eu continuava brincando com os meus amigos e correndo, mesmo com uma perna dobrada e dura. As minhas correrias faziam sair mais sangue e apareciam na minha calça o que assutava meus amiguinhos. Foi mais ou menos nesta época que escutei pela primeira vez a palavra que me arrasou e modificou o meu jeito de ser. Um menino falou que não jogaria mais futebol comigo porque eu era um ALEIJADO. Até aquele dia eu nem sabia o que era um aleijado....(continua)"



Meu pai teve uma infância de provações. Passou humilhações, chegou a sair antes do cinema que tinha como personagem um deficiente físico, com medo que as outras crianças tirassem sarro. Perdeu amigos que tinham vergonha dele e até foi expulso do desfile escolar de 07 de setembro por uma professora, porque ele era "manco" e isso atrapalharia a "beleza" do desfile. Diz ele que ele "estava tão animado com o desfile, pensava na mãe e irmãos o vendo marchar..." Foi vendo os amigos sumirem marchando e o silêncio na rua. Ele sozinho, encostado no muro. Expulso do desfile. Ali perdeu o sorriso por um bom tempo em sua vida... E hoje, sua deficiência é charme - anda mancando bem de leve, quase não se percebe. Mas é difícil explicar como um homem que passou por tudo isso pode ser tão de bem com a vida, tão generoso, tão feliz, tão bem humorado, tão carinhoso, tão justo e humano. Fico pensando quantas vezes ele deve ter ficado com vontade - ao escutar nossas reclamações da vida - jogar na nossa cara o que era sofrimento de verdade. Mas não, nunca fez isso. Nunca usou disso pra dar exemplo.....Minha maior lição de vida é o meu pai. Te amo, paizão!



autoria: luizcarlosmorallescaldas - meu pai.

Vai ser borboleta, vai!


Essa é para a amiga com nome de flor: é a melhor definição para você neste momento – uma semente explodindo em cor , perfume e colorido. Arrebentando a terra, crescendo, aparecendo e desafiando as intempéries ao seu redor. Tava ali escondidinha debaixo da terra, no escuro, no conforto cômodo de não ver a luz, nem as tempestades, nem o amargo e muito menos o doce da vida como ela é. Foi você que me falou ontem: “as vezes temos que deixar os ciclos se fecharem, mesmo contra a nossa vontade. As vezes a gente acha que é hora, mas ainda não é....”. Assim como a natureza.

Teu ciclo é o da primavera, amiga! Vai lá voar feito borboleta, Angélica!


beijo da sua amiga Ana Carolina

Ps: Logo, logo eu te encontro também, feito borboleta.

21 de jun. de 2008

Sítio do Pica-Pau Amarelo

Hoje o sítio está de luto,
o milharal está em silêncio.
Nosso Visconde foi embora
Não nos ensina sabedorias
Não repreende a Emília
Não nos decifra segredos.
Boa viagem, Visconde.
Hoje, sabemos que o pó de pirlimpimpim
existe e funciona.
Obrigado.

Homenagem ao ator André Valli, falecido hoje.
Ele é o eterno Visconde de Sabugosa para muitas geraçoes.



6 de jun. de 2008

Todo dia, lá vem ela...



Quem disse que ia ser fácil?
Se alguém, já nem lembro mais quem foi.
Difícil, tortuosa e as vezes incompreensível. Essa Vida.
Um vida dentro de cada dia assim é a minha.
Não me dou mais o direito de fazer planos.
Só de vez em quando: sonhar no meio da noite.
Madrugo todos os dias ou noites?!
Caminho, mas antes respiro.
Esperança que nessa lufada de ar
Surja uma nova inspiração
Pra recomeçar
Em algum canto, de outro jeito....
Essa Vida.
Mas lá vem ela...



Autoria: anacarolinacaldas
ENTUSIASMO
A palavra entusiasmo vem do grego e significa ter um deus dentro de si. Segundo os gregos, só pessoas entusiasmadas eram capazes de vencer os desafios do cotidiano. Era preciso, portanto, entusiasmar-se. E só há uma maneira de ser entusiasmado. É agir entusiasticamente! Se formos esperar ter as condições ideais primeiro, para depois nos deixarmos possuir por Deus, jamais O deixaremos agir em nós, pois sempre teremos razões para adiarmos Seu agir. Não é o sucesso que traz o entusiasmo, é o entusiasmo que traz o sucesso. Entusiasmo é acreditar na nossa capacidade de fazer as coisas acontecerem, de darem certo, de transformar a natureza e as pessoas.
do blog da atriz Claudia Gimenez.

22 de mai. de 2008

dissintonia....

Uma estrela sempre a te espiar.
Seguia à noite todos os teus passos
Ela se enfurecia quando a noite adormecia
Com o sol ela se apagava
E tua imagem desaparecia

Outra noite e mais uma vez lá estava ela
A te olhar fumando na janela
Mas pobre estrela. Não conquistou
Esse teu olhar, que olhava
Apaixonado para ela
Clara e serena, a lua
A boiar no céu

Nem sabia ele que aquela
Que parecia reinar
Era triste pelo amor desencontrado
Noite e dia em dissintonia
Ele, o sol resplandescente
Nem um pouco se importava
Com a dor que lhe causava


Lua, sol, estrela e você
Em descompasso
Amores divididos
Pelo céu e a terra
Luz e a escuridão
Olhos que não se vêem
Corações a espera
Do encontro
Que nunca há de chegar



autoria:anacarolinacaldas
Encontros e Desencontros



Cada encontro está carregado de perda.
Ou de perdas.
Às vezes duas pessoas que se amam (amigos, casados, solteiros, amantes, namorados) se encontram e são felizes.
Ao fim da felicidade, um deles chora. Ou fica triste. Ou baixa os olhos. Ou é invadido por uma inexplicável melancolia.
É a perda que está escondida no deslumbramento de cada encontro.
O encontro humano é tão raro que mesmo quando ocorre, vem carregado de todas as experiências de desencontros anteriores.
Quando você está perto de alguém e não consegue expressar tudo o que está claro e simples na sua cabeça, você está tendo um desencontro.
Aquela pessoa que lhe dá um extremo cansaço de explicar as coisas é alguém com quem você se desencontra.
Aquela a quem você admira tanto, que lhe impede de falar, também é um agente de desencontro, por mais encontros que você tenha com as causas da sua admiração por ele.
A pessoa que só pensa naquilo em que vai falar e não naquilo que você está dizendo para ela é alguém com quem você se desencontra.
Alguém que o ama ou o detesta, sem nunca ter sofrido a seu lado, é alguém desencontrado de você.
Cada desencontro é perda porque é a irrealização do que teria sido uma possibilidade de afeto.
É a experiência de desencontros que ensina o valor dos raros encontros que a vida permite.
A própria vida é uma espécie de ante-sala do grande encontro (com o todo? o nada?).
Por isso talvez ele nada mais seja do que uma provocação de desencontros preparatórios da penetração na essência DO SER.
Mas por isso ou por aquilo, cada encontro está carregado de perda.
E no ato de sentir-se feliz associa-se a idéia do passageiro que é tudo, do amanhã cheio de interrogações, da exceção que aquilo significa.
A partir daí, uma tristeza muito particular se instala.
A tristeza feliz.
Tristeza feliz é a que só surge depois dos encontros verdadeiros, tão raros.
Encontros verdadeiros são os que se realizam de ser para ser e não de inteligência para inteligência ou de interesse para interesse.
Os encontros verdadeiros prescindem de palavras, eles realizam em cada pessoa, a parte delas que se sublimou, ficou pura, melhor, louca, mas a parte que responde a carências e às certezas anteriores aos fatos.
É mais fácil, para quem tem um encontro verdadeiro, acabar triste pela certeza da fluidez da felicidade vivida do que sair cantando a alegria da felicidade vivida ou trocada.
Quem se alegra demais se distancia da felicidade.
Felicidade está mais próxima da paz que da alegria, do silêncio do que da festa.
Felicidade está perto da tristeza, porque a certeza da perda se instala a cada vez que estamos felizes.
É esta certeza - a da perda - que provoca aquela lágrima ou aquela angústia que se instala após os verdadeiros encontros.
Há sempre uma despedida em cada alegria.
Há sempre um "E depois?" após cada felicidade.
Há sempre uma saudade na hora de cada encontro.
Antecipada.
Disso só se salva quem se cura, ou seja, quem deixa de estar feliz para ser feliz, quem passa do estar para o ser.





Texto: Arthur da Távola

1 de mai. de 2008

BALANÇO


Não se incomode comigo não, amigo.
Ando quieta mas por dentro é um rebuliço só
Tantas vozes misturadas e mais a minha
Que anda me perguntando
Quais delas eu vou deixar
Em silêncio.


Quero a voz da serenidade e humildade
Do bom humor e a não vaidade
Do fazer mais e acontecer menos
Do andar devagar pra me apressar
Apenas pra você, amigo.


Silencio o que não me diz mais nada
As disputas, o poder, a confusão
A dissintonia.
Que me calam, me param
A alma, no lugar errado.


Aos poucos tudo se encaixa
Não volto atrás do que eu não fui
Pra frente, minha caminhada
é risonha, leve e sem mais
Nada a declarar


Eu não preciso dizer mais nada
Pra você e pra mais ninguém
Então venha, aproveita e caminha comigo
Eu prometo, a viagem
Será uma grande aventura.


Não importa...
As vozes serão nossa sombra
De mãos dadas nossa estrada
Vai fugir e encontrar o sol
Todos os dias
Da nossa vida.


Amo tudo que a vida
Me reserva.
Pra mim
e pra você.



autoria: anacarolinacaldas

16 de abr. de 2008

Um assalto na Rua Rockfeller : entre a frieza e um pai iluminado


Hoje pela manhã, eu tinha acabado de sair do ônibus pensando no dinheiro que tenho que ganhar e nas dívidas para pagar. Fui andando em direção ao meu trabalho pela Rua Rockfeller, quando avistei na mesma calçada que eu andava algo que parecia um começo de briga. Com medo, resolvi parar. Um rapaz com uma mala na mão tinha acabado de sair do carro. Uma moto estaciona ao lado e o homem que estava na garupa, de capacete, aborda o rapaz. Com a maior calma do mundo – inclusive foi o que mais me assustou – o homem da moto puxou a mala, de dentro dela pegou um envelope branco, olhou dentro e voltou para a moto. Andando ainda devagar pela rua, me viram e chegaram bem perto da calçada. O que estava atrás, abaixou o visor do capacete, mirou a arma pra mim e disse: “Corra, se não morre.”

Não sei se foi ter visto a arma na minha frente ou foi a calma e frieza dos assaltantes, que me assustou mais. Só mais tarde é que fui me dar conta que sim, podia ter levado um tiro e perdido a vida. Assim como o rapaz, o Lúcio, que ali na minha frente tinha acabado de perder os 19 mil reais que havia sacado na Agência HSBC, do Cristo Rei. Eu era a única pessoa ali como testemunha e o ajudei na descrição para a polícia. Os assaltantes o seguiram da agência bancária até o local em que estacionou o carro. Foi a nossa conclusão.

Enquanto esperávamos a polícia, que chegou uns 20 minutos depois (tempo suficiente para os assaltantes sumirem do mapa), os pais do rapaz chegaram. O rapaz assaltado abraçou o pai e disse “Desculpa pai, era o teu dinheiro. Tudo o que você tinha.”

O pai, também com a maior calma do mundo, mas esta cheia de ternura e não da frieza que havíamos presenciado, apenas falou: “Tudo o que eu tenho está aqui bem na minha frente, meu filho. O dinheiro nós vamos conseguir tudo de novo.” Depois, "o que eu ia fazer com 19 mil se se você não estivesse vivo?". Ainda falou que o melhor era esquecer a polícia que demorava para chegar e me convidou para tomar um café junto com eles, pois afinal “tudo na vida serve como aprendizado e vocês estão vivos,”disse.
Nessa hora eu já tinha esquecido minha revolta pela demora da polícia e me acabei de chorar. Lúcio também chorava no ombro do pai. Emocionada, pensei que estava viva para ir atrás do meu sustento. Graças a Deus.

As viaturas da Polícia militar chegaram, nos ouviram, e foram tentar recuperar o dinheiro perdido. Não sei se vão conseguir. Só sei que o pai do Lúcio é um iluminado e mesmo acreditando que podemos mudar algo nesse mundo para acabar com a violência e a criminalidade, fico com as palavras que ele me disse quando se despediu de mim: “Se o nosso Senhor quiser, o dinheiro vai aparecer. Deus apenas quis vocês vivos. Isso já basta.”

Começo a acreditar que estamos assim, apenas salvos, por milagres como este.
Ana Carolina Caldas, viva Graças a Deus

15 de abr. de 2008

Seção GLAUBER PIVA

POEIRA
Ao levantar-se, olhou para baixo e viu a barra da saia empoeirada. Lembrou-se da semana anterior quando namorou sobre o capô do carro com o primo mais novo em uma rua deserta do interior. Naquele dia, empoeirou seu passado e teve dor nas costas.

Desta vez, com a saia nas mãos, lembrou-se de esquecimentos e roupas sujas. E viu que o pó tomou conta de seus olhos e de seu caminho. Respirou fundo e pensou nos versos argentinos de Bersuit Vergabarat: Ya mis ojos son barro en la inundación/que crece, decrece, aparece y se va. Deu de ombros e seguiu.

PRIMAVERA
Biquinis negros e grandes decoravam os parques iluminados por um violento sol de primavera, contrastando dolorosamente com o branco leitoso de pernas mornas e olhares sedentos. As flores começavam a temporada e disputavam com toalhas e bundas um pedaço de grama. E o faziam com medo e dignidade. Uma delas, pequena e sem espinhos, só podia torcer contra o mundo.
Tudo ia bem e o sol começava a sentir preguiça. Presságio de tranqüilidade. Até que uma criança desavisada e com pés arrepiados, pisou-a com força para acarinhar sua vizinha e presenteá-la à mamãe com os ombros vermelhos.
Viva a primavera!

13 de abr. de 2008

Aqui dentro.


Caminhos desavisados atropelam o meu caminho
Já incerto em passos certeiros do passado
Sonhado.

Ruínas avisadas rasgam o meu coração
Tão cansado em batidas sonhadas no passado
Acabado

Certezas espiadas caminham o meu caminho
Inseguro e firme nos pés que vem do passado
Acalentado.



autoria:anacarolinacaldas

3 de abr. de 2008

Levanta, sacode a poeira e dá volta por cima


Tô sacudindo você, sua Poeira!
Sai do meu pé, sai da minha frente
Ficava dentro dos “meus óio”
Que era um escuro só

Agora, tudo se “alumiou”
Tá se “alumiando”
Tomei é uma lição
Que “o que estrova” a vida
É aquilo tudo que a gente
Varre escondido
Pra ninguém vê
Bem debaixo do tapete.

Tratei de sacudir esse tapete pra cima e pra baixo
E as “poeira toda” que andavam voando
Aqui dos lado
Vão se embora!

Sacudi você, Sua Poeira!



autoria:anacarolinacaldas

23 de mar. de 2008

ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA


Eu declaro.
De hoje em diante
Não haverá mais culpa
Não haverá mais perfeição
Não haverá mais regras do “bem viver”
Nem explicações sobre as minhas regras.


Está declarado, então
A abolição de tudo que aprisiona, julga, sufoca, maltrata....
De tudo o que não flui, que nada contra a maré
Da minha alma...


Finda a escravatura.
Daquilo que guardei sem saber por que
Ao me desfazer descobri o que me impedia
De voar.




autoria:anacarolinacaldas



Seu eu quiser fumar eu fumoSeu eu quiser beber eu beboPago tudo que eu consumoCom suor do meu empregoConfusão eu não arrumoMas tambem não peço arregoEu um dia me aprumoTenho fé no meu apegoEu so posso ter chamegoCom quem me faz cafunéComo vampiro morcego é o homen e a mulherO meu linguajar é natoEu não estou falando gregoAmores e amigos de fatoNos lugares onde eu chegoEu estou descontraídoNão que eu tivesse bebidoNem que eu tivesse fumado pra falar da vida alheiaMais digo sinceramente na vidaA coisa mais feiaÉ gente que vive chorando de barriga cheia.....

15 de mar. de 2008

Essa tal liberdade


Hoje ela veio
Logo que acordei
A sensação de estar possuída
Por esta tão enlouquecida senhora


Essa tal liberdade
Ela já vinha me avisando
Que chegaria
Só quando eu estivesse preparada


Essa tal liberdade
“Confia e me usufrua”
Ela me disse.
E lá vou eu viver corajosamente esta aventura


Essa tal liberdade
Vem pra quem sabe
Que em lugar algum vamos chegar
Apenas sejamos...


...essa tal liberdade
Todos os dias da nossa vida
Andando e desamarrando
Pra ser ela, só ela


Essa tal liberdade.


autoria:anacarolinacaldas