31 de mai. de 2009


Um tempo



Eu me permito hoje, só por hoje, desnudar-me nas entrelinhas das linhas mal ou bem escritas. Devaneios escondidos segredos não-revelados. Apenas curar a loucura que é normal dentro, tão dentro, que há tanto, por isso, pra se dizer... Desenfreada corrida que nem chega anoitecer o coração dispara e começa, tudo de novo, não tão novo. O velho de hoje, as notícias repetidas, o pão e o café, na mesma esquina, de sempre. Eis que nesta mesma surrupia o vento este teu desejo, tão seu, vem em lágrimas. Chuva fina teima e distrai a força que era tempestade. O frio, o sol, tudo junto e ao mesmo tempo. O tempo, teu desejo que retorna, aquece o solo, pisado, tão pisado sem nem ao mesmo saber por que pisa. Por um instante. Outra esquina, o corpo ereto, a cabeça altiva, os braços despencam. Cansaço. Descansa ali no banco da praça. Já respira agora, sem aparelhos. Já aspira novos anseios. Eu me permito hoje, amanhã e depois sentar no banco da praça, olhar as nuvens do céu, melancolicamente, só ontem. Repisar o solo, novos ventos, que venha logo a tempestade. E o sol surrupia alegria tão dentro, do teu desejo, na esquina, tudo junto ao mesmo tempo. Coração dispara. E começa. Chuça fina aquece o solo, repisado. Desenfreada corrida, nem chega anoitecer, braços despencam, corpo ereto e a cabeça altiva. Descansa. No banco da praça, na outra esquina. Eu me permito, de novo, tudo de novo.