4 de nov. de 2006

POR NÃO ESTAREM DISTRAÍDOS

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.



Clarice Lispector
in "Para não esquecer" - 5ª ed. - Siciliano - São Paulo, 1992

31 de out. de 2006

Antes que o dia amanheça


“Com o corpo coberto de cicatrizes,
portando estrelas no peito,
nos olhos a invencível vocação de mar,
nós, os primitivos
voltamos
e somos milhões.”


Pedro Tierra


Antes que amanheça, saibamos do dia que encerramos.

Nascido das trevas, o dia findo carregou a marca da ansiedade e ofereceu-nos caminhos confusos, ora escuros, ora alegres; ora penhascos, ora planícies, ora planalto.

Construído com a massa da qual são feitas as utopias, este dia trouxe em seu ventre o sangue dos que lutaram contra as ditaduras, o suor dos que resignificaram o trabalho e os sonhos dos que reinventaram o Brasil. Neste dia que tanto demorou para nascer e agora já está terminado, o povo saiu da platéia e invadiu o palco.

A pobreza diminuiu, a fome diminuiu, o desemprego diminuiu. Neste dia, o Brasil e a América Latina se reencontraram e o mundo descobriu novos atores. Neste dia, negros e pobres, mulheres e homens, jovens e velhos acenderam o seu candeeiro e não deixaram a noite obscurecer o país.

Antes que o dia amanheça, lembremos da noite que vivemos.

Não podemos inaugurar o amanhã se não tratarmos as dores da noite. Vivemos tempos de ardor e descobertas e chegou a hora de reconhecê-las.
Aos que pensaram que diálogos encerram lutas e aniquilam diferenças, esta noite sepultou as ilusões: se somos plurais e diversos, somos também diferentes, somos um povo nascido das opressões, forjado nos mais duros embates e esta noite nos banhou com a mais antiga de todas as lutas.

Antes do amanhecer, identifiquemos nossos erros e purguemos nossas culpas, mas também olhemos nos olhos de nossos algozes e não nos esqueçamos de seus falsos moralismos, de suas condenações vazias desenhadas em manchetes e de seu autoritarismo que tentou nos impor o silêncio e a submissão.

Nesta longa noite, nossas dores doeram mais forte, mas também nos fortaleceram para o longo dia que chegou.

Antes que o dia amanheça, olhemos o horizonte, pois ele guarda o sol que iluminará as nossas lutas.

Aos que esperam por descanso, o novo dia não oferecerá cama macia, mas caminhos pedregosos. Aos que carregam armas, o novo dia não permitirá intolerância, mas exigirá inteligência. Aos que aspiram por consenso, a manhã nos propõe argumento e nos lembra que é tempo de sedução e dissenso.
Neste dia, com as frestas reveladas pelo sol, caberá às forças populares organizarem o seu projeto e articularem suas energias. Nossa comunicação tem de ser mais eficiente e nossas vozes mais audíveis. Na manhã que se anuncia, a esquerda deve se saber esquerda, os democratas se fazer republicanos e o povo não sair do palco.

O dia será longo, as lutas serão duras e outra noite poderá vir. Evitá-la é tarefa de milhões. Que tenhamos aprendido com a crueza da noite!


Glauber Piva é Secretário Nacional de Cultura do PT

Ps: (agora Glauber...vc podia continuar escrevendo por aqui...)

4 de out. de 2006

Poesia de Ivan Ivanovick

Mas, se fosse longe.
Mais, bem mais longe.
Sempre há um jeito de ser pior

É, mas desse jeito,
a gente se acostuma primeiro depois pensa.
Assim evita um pouco o desespero

Além do mais,
todo lugar tem estrelas
(parece até que são as mesmas)


A gente se encontra.



A poesia continua, Ivan!

1 de out. de 2006

Vou pedir licença para os tempos das poesias e expressar meu sentimento de indignação com a imprensa brasileira que nos trata como se todos fossemos medíocres e ignorantes, como se não mercessemos ao mínimo cobertura "um pouquinho imparcial"...Chega deste 4° poder!!!!!!!


Leiam texto do Prof° Toni :

A mídia venceu: vou votar no Lula!

Depois de abrir o UOL, antevendo a manchete da Folha de S.Paulo para amanhã, resolvi: vou votar!Não suporto a idéia de ser obrigado a fazê-lo, essa lei é anacrônica e estúpida, mas pior é ver a eleição sendo decidida pelo golpismo da imprensa!Não consigo deixar de pensar em 1989, quando a Globo fazia o serviço sujo, secundada por órgãos da imprensa escrita.Claro que este Lula e este PT não se parecem nadinha com o de 1989. Já a mídia...Penso que meu voto não refrescará em nada, mas não contribuirei com esses tontos e menos ainda com a hipótese de ver o Brasil governando pela OPUS DEI.Entristecido, emputecido, torcendo o nariz, vou à seção eleitoral amanhã para cravar o 13, espero que pela última vez


http://proftoni.blogspot.com/

28 de set. de 2006


" Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros."
Che Guevara

14 de set. de 2006

A tal loucura


Pode a razão arriscar-se na loucura por vontade própria?
De que vale a razão do homem senão para o outro?
No silêncio
a individualidade cala as loucuras mais prazerosas
que faz do homem SER.
A realidade dos outros são os outros. A minha,
é a verdade encontrada no estranho.
Já percebi que o louco não teme.
Vou, então, nela, na loucura,
encontrar meu absurdo.
Destarte, faço amor
com meus insanos puros.
Porque o louco
pode tudo perder,
menos a razão.

Élisson

7 de set. de 2006



"Abandone-se, tente tudo suavemente, não se esforce por conseguir - esqueça completamente o que aconteceu e tudo voltará com naturalidade."
(Clarice Lispector)

2 de set. de 2006

Emergência

Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela abafada,esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.


Mario Quintana - Emergência, em Apontamentos de história sobrenatural

1 de set. de 2006

Me llaman el desaparecido
Que cuando llega ya se ha ido
Volando vengo, volando voy
Deprisa deprisa a rumbo perdido
(Presente de Ivan Ivanovick (Manu Chao))
Mas, que nada!
Um samba como esse tão legal...
Você não vai querer que eu chegue no final!
(Presente de Ivan Ivanovick ( Jorge Ben))

28 de ago. de 2006


SEPARAÇÃO


Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo possível entre eles.

Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-iá haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.

Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de secionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido; sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu intimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.

Fechou os olhos, tentando adiantar-se á agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, quer o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoava com seus beijos e agasalhara no instante de amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias por ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.
De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde...

“Vinícius de Moraes”

24 de ago. de 2006

"tu me disseste: eu te amo.
eu te disse: espera.
eu ia dizer: leva-me contigo.
tu me disseste: vai embora"
(do filme jules e jim/ diretor: françois truffaut)
indicação do filme: Tiago Valdivieso

16 de ago. de 2006

conversa entre a Amélie Poulain e o Raymond Dufayel, o "Homem de Vidro"
- Prefere imaginar uma relação com alguém ausente a criar laços com os que estão presente?
- Talvez ela tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
- E ela? Quem vai pôr ordem na bagunça da vida dela?

14 de ago. de 2006



Valsinha

Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar. Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar. E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar. E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar. E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar. Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar. Depois os dois deram-se os braços com há muito tempo não se usava dar. E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar. E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou. E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou. E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais. Que o mundo compreendeu. E o dia amanheceu. Em paz



Composição: Chico Buarque/ Vinicius de Moraes

Todo Sentimento

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

Chico Buarque

10 de ago. de 2006

Ás vezes, pequenos grandes terremotos ocorrem do lado esquerdo do meu peito. Fora, não se dão conta os desatentos.Os mais íntimos já me viram remexendo escombros. Em mim há algo imóvel e soterrado em permanente assombro. (Affonso Romano de Sant'Anna)

2 de ago. de 2006


SER VERDADE

(autoria:Angélica Maria)

Eu sou mulher no corpo de menina
Sou menina na essência da mulher
Sou sol quando cai a noite
Sou luar quando me apaixono
Quando estou feliz, sou mar
Sou cachoeira quando estou triste
Sou serenidade, molhada de chuva
Sou escuridão quando sinto medo
Quando choro, sou espelho da alma
Sorrindo, sou apenas eu
Sou ruim e, sendo assim, sou boa
Sou um tsunami de sentimentos
Quando decido é o fim
Teimosia pura
De uma mulher sempre em busca...


Poesia da guerreira e doce amiga Angélica

30 de jul. de 2006

Judiaria (Lupicínio Rodrigues)

Agora você vai ouvir aquilo que merece
As coisas ficam muito boas quando a gente esquece
Mas acontece que eu não esqueci a sua covardia, a sua ingratidão
A judiaria que você um dia fez pro coitadinho do meu coração
Estas palavras que eu estou lhe falando
Têm uma verdade pura, nua e crua
Eu estou lhe mostrando a porta da rua
Pra que você saia sem eu lhe bater
Já chega um tempo que eu fiquei sozinha
Que eu fiquei sofrendo, que eu fiquei chorando
Agora quando eu estou melhorando
Você me aparece pra me aborrecer

23 de jul. de 2006

Pra sempre.

Fomos inteiros.
Não somos mais metades.
Fusão de almas
E eu sei
Que você não sabe
o que fazer com isso.


Só lhe peço, meu eterno amigo
Não procure me entender
Não queira me explicar
Não me preserve
Não me proteja.

Não se proteja.

Volte.

Apenas quando
Ouvir você
Sussurrar meu nome
Apenas quando
Falar pra você:

"que agora inteiros não precisamos mais de nós
pra se consumir

somos de novo um de cada lado
lados eternizados:
eu em você e você em mim”



autoria: anacarolinacaldas

10 de jul. de 2006


" ...quando eu precisar...volto pra cá
mas agora... é primavera em meu coração.
Não posso ficar
Preciso voar..."




Inverno pro cês porque eu encontrei a
Prima Vera!
autoria: anacarolinacaldas

8 de jul. de 2006

Universo ao meu redor

Tarde, já de manhã cedinho
Quando a névoa toma conta da cidade
Quem pega no violão
Sou eu, sou eu
Pra cantar a novidade

Quantas lágrimas de orvalho na roseira
Todo mundo tem um canto de trsiteza

Graças a Deus um passarinho
Vem me acompanhar
cantando bem baixinho
E eu já não me sinto só
Com o universo ao meu redor


Marisa Monte/Arnaldo Antunes/Carlinhos Brown - 2005

29 de jun. de 2006


Cataclisma


Mas o que é que anda movendo montanhas aí dentro de você?

é tempestade
Dor e fuga em busca
da vida

como maremoto
Água vindo e a gente correndo
Deixando tudo pra trás

pra frente sem saber
o que Será?
Nem pra que chegar

como a manhã que nasce
Pra olhar o que restou
sol brilhando
na' alma triste renascida

terra mexida
coração no lugar
montanhas se unem
pra recomeçar.



Autoria: anacarolinacaldas



*Uma das lendas mais antigas da Índia, conservada nos templos por tradição oral e escrita, reza que há várias centenas de mil anos, havia no Oceano Pacífico um imenso continente, que foi destruído por convulsões geológicas e cujos fragmentos podem ver - se em Madagascar, Ceilão, Sumatra, Java, Bornéu e ilhas principais da Polinésia. As altas mesetas do Industão, não estariam representadas senão pelas grandes ilhas contíguas ao continente central... Segundo os Brahmanes, essa região havia alcançado um alto grau de civilização e a península do Industão, acrescida pelo deslocamento das águas na ocasião do grande cataclisma, não fez mais que continuar a cadeia das primitivas tradições originadas no mesmo continente.


"Através da tecnologia avançada, muitos estavam fazendo mau uso de seus poderes criativos, manipulando a vida humana de maneiras grotescas, realizando experimentos com a própria estrutura da matéria e desenvolvendo devastadores instrumentos de destruição. Aqueles que estavam mais avançados, espiritualmente, foram levados a outras partes do mundo, deixando monumentos para serem mais tarde descobertos em lugares como o Egito e a América do Sul, marcando a presente história conhecida no mundo. A Atlântida, então, num violento cataclisma, desapareceu sob as ondas, levando os que estavam intencionalmente profanando a vida humana. Eles tiveram de ser desterrados por um longo período de longa revisão, enquanto os grandes e violentos ciclos do tempo passavam; somente no último século e meio lhes foi permitido retornar à Terra para resgatar o seu trabalho destrutivo do passado e, ao mesmo tempo, desenvolver meios de servir à humanidade. Trouxeram com eles a memória oculta da tecnologia avançada, que agora tem se desenvolvido tão rapidamente. Porém, mais uma vez, pessoas tentadas pela curiosidade, compulsões internas, poder e dinheiro, estão trazendo a este século a terrível destruição do nosso lar terreno e a manipulação da humanidade".( site www.caminhosdeluz.org)

24 de jun. de 2006


Para Renato e Camila - meus anjos da guarda


"Que assim seja"
Andam juntos com a liberdade na medida certa. Sempre me pareceram irmãos. Engano meu. São almas gemêas, almas complementares. Almas que me levam junto. Sou parte dessa história que não tem mais fim. No caminho nos encontramos pra vida nos ensinar o que é o amor incondicional. Hoje somos parte das boas armadilhas do Universo.Eu e vocês. Nós e todo mundo e todo o mundo. Nem irmãos, nem amigos. Almas unidas para todo o sempre. Amém.
autoria:anacarolinacaldas

20 de jun. de 2006

Poesia de Paula Fiuza

"o tempo passa.
e eu só percebo quando não consigo mais lembrar da voz
de como são as mãos
do modo como ele passa os dedos por entre os cabelos.
por mais que eu tente, procure,
desesperadamente nas gavetinhas do arquivo da minha memória,
não lembro.
ah, como isso me entristece!
demasiadamente.
tristeza diferente, profunda.
impotência que frustra, magoa.
prova irrefutável do que não quero admitir.
do que não quero viver
e ver."

(Paula Fiuza - acadêmica de jornalismo/Curitiba-Pr)

12 de jun. de 2006

Sobre figurinhas carimbadas:

Ela:Você é uma figura!!
Ele:Mas não carimbada.
Ela:Acho que não...
Ele:Eu tenho certeza...Sou figurinha repetida.
(...)
Ele: Você é uma figurinha também, mas das carimbadas.
Ela:O que é ser uma figurinha carimbada?
Ele: “...Quando eu colecionava figurinha....Não tinha esta lei que obriga as editoras imprimir exatamente o mesmo numero de cromos .....então, tinha algumas, que eram hiperdificeis, quase que únicas, como flores no deserto, que eram carimbadas.
Ela: que lindo...



autoria:conversa virtual entre eu e um amigo inspirado em uma quinta feira igualmente inspiradora

11 de jun. de 2006

"Um coração insensato, que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras(...), um velho coração que convence seu usuário a publicar segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta."

"Escrevo como que pra salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha."


Clarice Lispector.
Overdose de você.

Meus dias. Tantas coisas pra fazer. No meio disso tudo você. No trabalho e nas contas pra pagar. No meio disso tudo você. Parada, caminhando, falando, sentada, cozinhando, comendo, pensando. No meio disso tudo você. Juro que faço de tudo pra tirar você disso tudo. Eu faço reza brava, peço aos anjos, faço simpatia, promessas e mais promessas. Acordo, isso tudo e você tudo de novo...

autoria:anacarolinacaldas

3 de jun. de 2006


Caminhando Eu sou.
Eu andei de lá pra cá
Nada encontrei
Parei , respirei
E achei!


O caminho.


Pra quem sabe que não sabe de nada, este é o caminho.
Pra quem sabe que a lugar nenhum chegará, este é o caminho.
Pra quem sabe que a todo momento tudo muda, este é o caminho.
Pra quem sabe ser e não ter, este é caminho.


Eu sou
o caminho
E caminho.
autoria:anacarolinacaldas

27 de mai. de 2006

Quem é ela?

Lembranças da infância eu escuto
Todos os seus nomes, jeitos, sons e silêncios
Cheiro pai, cheiro pai
Morena de angola
Sandra Rosa Madalena
Ichiúca

Não, não
você não vai entender
Só nós.
Duas meninas – eu e ela
Uma delas minha irmã.

Olhos de jabuticaba, sorriso de mulher
Gargalhada de menina
Cabelo de índia, pele branca feito neve
Coração de mãe.

Passos certeiros, dança com alegria
Chora os guardados da vida
Levanta e sempre sacode a poeira
Ela é guerreira.

É a minha menininha que me ama
Eu a amo também
Minha irmã, companheira de vida
Tão longe tão perto.

Andressa, escuta aí
A nossa infância. Tá ouvindo?
Bicicleta, pular corda, esconde esconde, brincar de bicho,
de cabana, de bonecas, de rolimã, de teatro, de roda e

de amigas.

Pra sempre no coração.
Te amo, irmã.

autoria: Ana Carolina Caldas

20 de mai. de 2006

Quem somos nós?

Depois de tanto tempo, fomos os dois pela metade.Pra você, a sobrevivência da amizade, que é o mais claro entre nós. O resto é só confusão. Perguntou-me se isso faria com que deixássemos de ser amigos...Para mim, isso era pra depois, o importante era que fossemos inteiros apenas por alguns minutos. Meu desejo, uma explosão, você disse. O que aconteceu? eu disse.

Continua nossa amizade. Mais forte e intensa do que nunca. Só não posso lhe oferecer sempre o meu não desejo por você. Não o tenho. Conversas intermináveis, cumplicidade, brincadeiras, sorrisos, conselhos, abraços, beijos e amor. Podemos ser esse tipo de amigos?

Assim eu consigo.


autoria: Ana Carolina Caldas.
caos colorido

Fui até o dadaísmo pra entender a belle époque,
esse mundo cor de rosa que teimo viver.
Retornei.
E o caos agora me persegue
a pintar tudo o que vejo
de azul,
verde,
vermelho,
amarelo,
anil, laranja,
violeta, preto,
branco, azul,
verde...

de: anacarolinacaldas

19 de mai. de 2006

Os Poços

Havia uma cidade em que só havia poços, milhares de poços, mas não eram poços que se colocam água, eram poços que se colocam coisas. Água nem sabiam o que era. Com o tempo os poços começaram a ficar com manias de enfeitar a sua beirada. Adornavam com muros, com colunas, erguiam torres, com o tempo começaram a colocar coisas dentro deles. Uns colocavam televisão, geladeira, computadores. Outros colocavam carros, apartamentos, outros colocavam ouro, uns depositavam livros, alguns gostavam de roupas... enfiavam de tudo que havia para se colocar nos poços. Um dia os poços ficaram tão cheios que começaram a encostar uns nos outros, para resolver a situação uns começaram a cavar mais fundo para caber mais coisas. Para cavar tinham que tirar tudo de dentro do poço, e daí colocaram tudo para fora. Uns começaram a ficar com medo de perder suas coisas e desprotegidos se sentiam. Acovardados, botavam tudo de volta... Não, não era aquela a solução disseram alguns. Entrementes, um poço ficou curioso com aquele vazio proporcionado pela escavação. Sentiu algo diferente em ficar sem nada e resolveu tirar tudo de novo e reiniciar o bota fora. Os vizinhos aproveitaram e pegaram logo umas coisas que o outro poço jogava fora. Dia e noite o poço ficava mais fundo e a medida que ficava mais profundo menos escutava a fofoca dos poço vizinhos. Um dia depois de tanto cavar achou água... água de montão! Contente jogava água para o alto, chapinhava, bochechava, batia palmas. Do outro lado daquela cidade um outro poço resolveu também cavar, repetiu a mesma atitude do primeiro, com o tempo chegou também a água, claro. Os dois com o tempo começaram a cavar um túnel ligando seus poços; a água de um abastecia o outro e vice-versa. Esta comunicação despertou a atenção de outros poço e com o tempo havia novos poços se comunicando também.
Te encontro na água... Amor, sempre amor, Beijos


enviada por ele que vive na cidade "sanduíche"

14 de mai. de 2006

Por favor tristeza, vá embora

Disseram por aí
Que a tristeza veio me procurar
Mandei dizer que não
Estou

Ela não acreditou
Abriu as portas
E sem pedir licença
Entrou

Meu coração
Antes acelerado de alegria
Em descompasso
Chorou
Por favor tristeza
Vá embora
Devolve minh´alma
Que só vive sem você
autoria:anacarolinacaldas

8 de mai. de 2006

Uma pirueta, duas piruetas, BRAVO BRAVO....salta pela estratosfera e tromba de nariz, e a moçada vai pedir BIS...no intervalo tem cheirim de macarrão(didi), e a barriguis, ronca mais do que um trovãozis(mussum), quero um prato(zaca), cê tá loco(dedé), quero um poco(zaca), cê tá chato(dedé), dá um pedaço(zaca), cê tá gordo(dedé), eu te mordo(zaca), seu palhaço(dedé)....e olha o público cansado de esperar, o espetáculo nao pode pararrrrrrrr.......Multi piruetas, maxi cambalhotas...BRAVO BRAVO!!!


Saltimbancos Trapalhões...

29 de abr. de 2006


Pra quando o inverno chegar...
Agora é hora
Vamo s'imbora
Outono chega
Pra fazer e desfazer
o que tá feito
e desfeito

Vamos s'imbora
Outono chega
pra morrer
e renascer
o que fui
no que sou

Agora é hora.
autoria:anacarolinacaldas

20 de abr. de 2006

...amor da terra do nunca...

...te amo Muito
sempre vou amar
e sempre vou querer
estar com você
sem a gente perceber
esse verso eu fiz agora
pra você não esquecer
que um dia eu vi você
sem mesmo te ter
agora espero aqui
uma chance de te ter
beijo na boca
e outros no seu querer
te amo


autoria: um ser da terra do nunca - enviou pra mim!

15 de abr. de 2006


Eu quero um mundo melhor
Não me importa o que eles querem
Não me importa o que eles pensam

Eu
vou à luta.

Seguir os passos de quem foi
Seguir os passos de quem vai

Eu
vou à luta.

O Mundo melhor
que tanto me atormenta
quero encontrar
nos passos que ainda não foram


(autoria: ana carolina caldas, abril 2006 )

13 de abr. de 2006

Poesia de uma amiga guerreira:



o que se afirma

a noite que chega hoje
já não assombra como antes
o medo repulsivo que corre nas veias
na alma, agora, se tornam coadjuvantes

aleluia, aleluia

a tempestade, talvez, pertença à vida
difícil o poder de dissipá-la
mas, a bonança da rotina, tão querida
não se parece mais impossível alcançá-la

aleluia, aleluia

a quem saudar?
não se sabe uma reposta única, fria e calculável
aos céus. ao clima. a conspiração. ao caminhar.
o que se afirma, apenas e simplesmente:

aleluia, aleluia

há um pouco de paz começando a brilhar.
___________________________________________
autoria: denise stacheski (minha amiga que eu conheço desde os 15 anos...ela é uma guerreira!)

11 de abr. de 2006

Mais uma do Chico...


Meia noite

Se a noite não tem fundo
O mar perde o valor
Opaco é o fim do mundo
Pra qualquer navegador
Que perde o oriente
E entra em espirais
E topa pela frente
Um contingente
Que ele já deixou pra trás


Os soluços dobram tão iguais
Seus rivais, seus irmãos
Seu navio carregado de ideais
Que foram escorrendo feito grãos
As estrelas que não voltam nunca mais
E um oceano pra lavar as mãos

Um novo e sempre inspirado amigo virtual foi quem me enviou esta "chica". Ele é amigo de uma amiga que mora no meu coração. Obrigada!

9 de abr. de 2006


FUTUROS AMANTES
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta da estante
Milênios, milênios
No ar




E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos



Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização



Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

autoria: chico buarque!

Por que o Chico é necessário!

4 de abr. de 2006

Anágua de Carola

Sim, fora da roda,
Observando-a,
O ritmo matreiro
Dos passos daquela menina.
Invadi aquele raio,
Botando-me adentro
Da circunferência.
Conferido o olhar,
Veio-me logo o devaneio
De balançar ao seu lado
No sibilar do cancioneiro.
Seu sorriso desferido
Ao cavalheiro ali argüido
Deu margem ao movimento
E a pegada de jeito na cintura.
Cintura que embalava
Embalada pela embolada.
Canção, ritmo, suor, anseio e
Despertar.
Flor chamada Ana Carolina.
Sensualidade feminina,
Espontaneidade de menina.
Um tropeço na vida
Com charme distinto
Que vem lá do Olimpo.
Eu, ali, engalfinhado à sua cintura,
No transe do balançar de sua saia
Como um adolescente
A imaginar
A anágua de uma carola...


autoria: Élisson (abril de 2006)

27 de mar. de 2006


Deixe-me ir

Antes que a magia se acabe
Ilusão você se torne
Prefiro partir
Pra te reencontrar

Tem data marcada
Como uma promessa
O destino se cumprirá

Na música, na alegria, no sol, no mar,
nas estrelas, no luar e
nas cirandas
Eu e você

Assim será.


autoria: (anacarolinacaldas, março 2006)

22 de mar. de 2006

Sempre Nunca
"Sempre juntos...
Sempre ontem...
Hoje e sempre...
Nunca sempre...
Sempre Nunca!..."
autor: Peter Pan

18 de mar. de 2006


Lista das coisas que preciso fazer:
Me embalar na rede a tarde inteira.Olhar a lua todas as noites durante a semana.Pisar descalço na grama logo que amanheço.Esquentar a alma no calor do sol.Abraçar demorado quem estiver ao meu lado.Respirar profundo pra sentir o meu/teu coração. Adormecer e sonhar que assim seja: me embalar na rede a tarde inteira.olhar a lua todas as noites durante a semana.Pisar descalço na grama logo que amanheço.Esquentar a alma no calor do sol.Abraçar demorado quem estiver ao meu lado.Respirar profundo pra sentir o meu/teu coração. Adormecer e sonhar ...




autoria: anacarolinacaldas, março/2006

12 de mar. de 2006

Amor que (não) liberta...

Não me prenda
Amor
Sou pássaro
quero voar


Amor
Não me prenda
Quero ser pássaro
para voar


Me prenda, Amor
Não quero vê-lo
voar como pássaro


(autoria:anacarolinacaldas, março,2006)

9 de mar. de 2006



Borboletas

As borboletas voltaram.Vieram todas juntas, de uma vez só.O menino com cara de anjo, ou o anjo com cara de menino, veio ao meu encontro.
Perguntei:
- O que faço agora?

Com a voz doce e alegre, respondeu:
-Guarda todas no coração e quando estivermos juntos novamente, elas voarão ao nosso redor.

Vou guardar.


(autoria: anacarolinacaldas e o menino com cara de anjo, março/2006)

4 de mar. de 2006


Terra do Nunca e do Sempre

Se um dia eu me olhar no espelho e lá encontrar estes homens e mulheres que perambulam por aí, por favor me avise, não me deixe passar pro lado de lá...



Estes homens e mulheres
cansados de viver
desconfiados do futuro
sufocados pela falta
de amor, muito amor


Olham no espelho
e não enxergam
esta criança
que vive a pedir


quer brincar,
quer dançar,
quer pular,
quer sorrir,
quer abraçar
quer beijar,
quer sentir.


Ai, ai
Se todos soubessem
que esta é a verdadeira
magia da vida


Olhe no espelho de novo
Lá está ela
Viu?
Quer andar de mãos dadas
com você


Pra encontrar os caminhos
que você esqueceu
Quando chegar mais perto
saberás de um segredo
Você acha que não pode mais
Quer brincar


Esconde esconde, pega pega, faz de conta
Verás que está tudo lá
guardado


Num instante
de mãos dadas com outras e outras
crianças
estarás a rodar e a rodar
na grande ciranda do amor


(autoria: Ana Carolina Caldas março, 2006)

poesia inspirada em Amélie Poulain, na Ilha da Magia, na Terra do Nunca, na Fantástica Fábrica de Chocolates, no Sítio do Pica Pau Amarelo, nos Saltimbancos Trapalhões, nos sábados na minha casa quando meus pais brincavam de teatro, nos anjos da guarda, nas fadas, nos gnomos e duendes, nos meus amigos que sabem brincar nesta vida, na Carol, na Isabela, no Didi, na Luiza , na Clarinha,na Paulinha, na Sthefany, no Francisco, na Carolzinha, na Sofia, na Bianca, no Gabriel e nesta criança que vive aqui dentro de mim

2 de mar. de 2006

"gira girassol,
solta as palavras todas
e traga cada uma delas
de mãos dadas
aos amigos meus"
(autoria:anacarolinacaldas, fev 2006)

23 de fev. de 2006

Sempre Chico Buarque

"Sempre
Eu te contemplava sempre
Te mirei de mil mirantes
Mesmo em sonho estive atento
Para poder lembrar-te sempre
Como olhando o firmamento
E as estrelas cintilantes
Que se foram para sempre
No teu corpo em movimento
Os teus lábios em flagrante
O teu riso, o teu silêncio
Serão meus ainda e sempre
Dura a vida alguns instantes
Porém mais do que o bastante
Quando em cada instante é sempre"
Letra nova do Chico!

20 de fev. de 2006


Ontem e Hoje

Saudades
das palavras não ditas
Malditas palavras!
hoje esperam por ti

Saudades
das palavras ditas
Benditas palavras!
ontem
feitas pra nós


(autoria: ana carolina caldas, fev 2006)

19 de fev. de 2006


Uma noite para esquecer.

Quero encontrar-te
Todo o dia

Na calada da noite
Não venha

Quando adormeço
Para
Esquecer-te


Quero encontrar-te.

(autoria : ana carolina caldas, fev 2006)

Estou bem...aqui

Estou bem
aqui
Nessa cidade
Fria, metida à besta
Estourando de hipocrisia

Estou bem
aqui
Nessa cidade
Que tem poesia
Pra romper os dias

Estou bem
aqui
Nessa cidade
Que nÃo grita
Só cala

Estou bem
aqui
Nessa cidade
Cansada
dessa cidade
Cansada
dessa cidade
cansada dessa cidade
cansada
dessa cidade cansada dessa
cidade cansada dessa
cidade cansada
dessa cidade
CANSADA




Estou bem
aqui



(autoria:ana carolina caldas, fev2006)