24 de dez. de 2008






Basta um Milagre


Então, é Natal....
Apesar de tudo
da falta de crença de uns
do olhar consumista de outros
e ainda do esquecimento de muitos
Não há quem não olhe para dentro
e um pouco do milagre desse dia
renasça sentimentos por vezes esquecidos
ao longo do ano
Solidariedade, amor incondicional e perdão
Ah! Irão me dizer que não basta só agora
Mas basta....
É claro que basta....
Alguns minutos de conversa com a senhora esquecida pela família
Bastam...e ficam na memória, e a refazem e a relembram o quanto
já foi amada e pode ser de novo.
Um olhar amoroso ao amigo que se sente solitário
Basta...
Por que o aquece e lhe dá forças pra acreditar que tudo pode ser diferente.
Uma história divertida pra embalar os sonhos da criança abandonada
Basta...
Afinal, ela tem a vida pela frente e não pode deixar de sonhar.
Um abraço demorado, um beijo com ternura ou mesmo um aperto de mão
ao afeto que por algum motivo transformou amor em rancor
Bastam...
Pois é Natal, e os milagres acontecem e se você quiser podem perdurar
pra sempre.


Basta o Natal pra gente relembrar o que realmente é importante na vida.
E que em 2009 possamos fazer pequenos milagres diários em nossas vidas fazendo o bem por outras vidas!

Um Feliz Natal aos amigos que guardo no coração

Ana Carolina

23 de dez. de 2008


Desejo distraído

Era mulher admirada, por vezes invejada e no fundo, acabrunhada da vida.



Tinha “um que” de gente de outros tempos, o que a fazia pensar nas causas do passado que pudessem ser a explicação da vida de agora. Sorriso era algo que todos os dias, mesmo com a tristeza lhe enfiando a faca no peito, ela dava. Nem que fosse sorriso para dar bom dia aos que lhe faziam lembrar o que era sofrer. Sentou perto da janela, toda estrelada, respirou fundo e se pôs a pensar no futuro. Tantos sonhos cansados. Tantas ilusões. Por alguns minutos lembrou que havia agido sem pensar, e mais uma vez por instinto apostou errado. “- Não, de novo não. Sem continuidade, sem profundidade , só superficialidade. De novo.”


E olhando para o céu estrelado que por tantas vezes lhe deu esperança. Fazia pedidos, desde criança, para as estrelas. Quase sempre dormia contente porque era otimista e acreditava na máxima “a sua mente cria a própria vida.” Riu ao lembrar dos jogos ilusórios que sempre fez com ela. Dessa vez, relembrou passado recente e começou a contar as várias situações parecidas pelas quais havia passado.
Com lágrimas rolando pelo rosto, suspirou. Resolveu que não faria mais pedidos para as estrelas. Fechou a janela, as cortinas. Deitou na cama e desabou a chorar.


Depois de tanto choro, aquele vazio que por tanto tempo tentou esconder. Um vazio que estava escondido, mascarado pelas tantas vezes que se aprisionou dentro de si, fugindo ou ferindo. Um corpo emprestado e uma alma machucada. Este foi o balanço final da moça que naquela noite adormeceu. Nem imaginava que ao seu lado, ele sorria, porque agora tinha esperanças que o caminho havia se endireitado. Sem ilusões, sem fugas, sem desrespeito...Ela acordaria, talvez, um pouco diferente do que era. Diferente por que no outro dia, ela relembraria dos erros e caminhos perdidos. Foi assim mesmo.
Lembrou do quanto não se deu valor e esperou isto em braços perdidos. Totalmente perdidos.


Já caminhando pelas ruas perto da sua casa, sentiu um estalo como se viesse do fundo da sua história. Tanto tempo não sendo quem era. Tempo gasto “ encontrando-se” com os vazios, as fugas e tentando se perder..
O estalo veio para explicar. Que ela havia se encontrado e não se parecia nada com aqueles fantasmas todos. E na mesa da padaria, tomando café, perguntou “- Mas por que fiz tanto esforço pra fazer tudo errado. Porque mesmo não sendo eu, me esforcei pra ser. E por este motivo, repeti tudo de novo, tudo errado.?” Enquanto esperava esfriar o café, entendeu o que estava ali na ponta do seu nariz. Era muito simples e descomplicado ser a pessoa que ela era. Portanto, não demandava esforço. Mas, ela achava que a coisa devia ser complicada...E lembrou de quando, por alguns minutos, foi de verdade. Até suspirou nesse momento, como os apaixonados.



Era isso! Quando foi sua alma de verdade, sentia-se apaixonada.... E quantas maravilhas, pessoas e situações lindas, como se encomendadas pelo universo. “-Ah lá vou eu de novo com as frases esotéricas. Universo!? Talvez....talvez o universo esbarre na gente quando estamos distraídos, não preocupados com os olhos alheios e nos deparamos com os milagres da vida...”, pensou.
Lá foi ela novamente para rua caminhar....E realmente, sentia-se leve, mais leve. Não estava mais preocupada com o sim dos outros. Apenas o seu. Disse em voz alta, inclusive. Assim no meio da rua, disse sim. Era um sim para a sua alma que naquele momento se libertava.



Mas, antes de entrar no ônibus em direção ao trabalho, rezou. E como sempre fez um pedido. Dessa vez não dependia de muito esforço. Apenas um: “ Seja lá o que for esta energia que nos move, peço apenas que eu viva com amor no coração e que este amor nunca me falte. Que ele me faça rir comigo, que ele me faça sentir prazer e alegria com os meus passos dados. Que este amor seja o remédio para todas as feridas causadas pelos minhas crenças equivocadas a meu respeito. Amor o bastante para transformar minha vida em uma grande história de amor. Um amor que nunca tire meu brilho nos olhos.” Pela primeira vez ela não pediu um amor “de verdade”. Mas pediu que o universo a devolvesse . E assim foi.



Aos poucos ela foi sentindo seu poder de ser o que é. Foi sentindo-se digna, segura e feliz. Foi caminhando sem repetir os erros para provar suas fraquezas. Caminhou altiva, e tanta gente estranhou. Ela não era mais a mesma. Só ela sabia que agora sim, era ela mesma.



Acordava pronta para encher o dia de boas experiências, dormia e muitas vezes voltava a chorar. Mas não sentia mais o vazio no peito. Vez ou outra sentia-se triste, mas achava bom por que no outro dia valorizava cada sorriso dado e recebido.As situações que provocaram ilusões e erros, retornaram. E ela comemorou. Não precisou repeti-las. Muitos sumiram, pois não a tinham mais como corpo para provar suas fraquezas....Novas sintonias, um pouco de solidão, novas sintonias e eis que...assim como ela gostava de viver, distraída, destas novas sintonias, um coração esbarra com o dela. Um coração tranqüilo, bonito e sorridente...Assim, parecido com ela. E, cada um com a sua felicidade, encheram as ruas com tanto amor. Que não se dividia, apenas somava e se respeitava.


E naquela noite, em que seu corpo foi amado junto a alma, ela o viu dormindo. Levantou da cama, abriu as cortinas e a janela, olhou para a noite estrelada que parecia ter sido encomendada para momento tão importante. E, assim como uma criança arteira, piscou para uma das estrelas, e apenas disse: “- Muito obrigada!”

13 de dez. de 2008

Ela vem...
Nada impede que a vida se realize.
Nem mesmo você.
A passos lentos
Ou um infinito silêncio
Vem forte, rude
Uma grande tempestade
Lá vem ela para te fazer viver...

3 de dez. de 2008

Resposta da vida


A vida está a espreita.
Na expectativa.
Olhei pro céu
Pedi apenas proteção.

A vida está duvidosa
Na incerteza
Olhei pros lados
Pedi apenas luz.

A vida está no caminho
Na estrada.
Olhei pra frente
Pedi força e fé.

A vida está como devia estar
No destino
Olhei pra trás
Pedi compreensão.

A vida.
Vai me dar as respostas.
Dentro de mim
Pedi resignação e amor.

2 de dez. de 2008

Viva o luto morto



Não saberia definir “gravidez”. Espera? Esperança? Contratempo? Silêncio? Luto? Ressurreição? Há muitas perguntas. Há poucas respostas. Perguntas e respostas tantas vezes já feitas e nunca encerradas. O tempo longo da espera faz de sentimentos bricolagem; das dores, esperança; dos medos um misto de pavor e confiança. Gravidez é negação do tempo antigo. É a contradição do velho grito em nome de um silêncio profundo... lento... doloroso... encantado... É germinação que mata a semente para brotar novidade.Vivamos o luto para ressurgir mais forte.Vivamos o luto para encarar a luta. O luto morreu. Viva o luto morto. Viva a revolução!
Não há, há Não


Não há tempestade que não passe.
Não há sofrimento que dure.
Não há mágoa que não cicatrize.
Não há dúvida que perdure
Não há medo que impeça de caminhar
Não há caminho que não se possa voltar
Não há estrada que nunca será trilhada
Não há dor que não passe
Não há história que acabe
Não há vida que pare
Não há força que enfraqueça
Não há batalha que te esmoreça
Não há confusão que não se ilumine
Não há dia que não surpreenda
Não há perdão que não se possa dar
Não há mudança que não possa se protelar
Não há virada que se possa demorar
Não há coração que endureça para sempre
Não há caminho que não possa ser reiventado
Não há você sem continuar em busca da felicidade
Não há vitória sem fé.