28 de dez. de 2007

Fim.


Foi sempre assim
Mas sempre acreditou
Um dia isso ia ter um fim
E logo um novo começo
Do jeito que por várias vezes
Tinha sonhado

Desta vez parou de acreditar
E o sonho se fez pranto
O novo começo mais uma
Vez não veio
E parou de acreditar
Pediu apenas
Que apagassem as luzes


Queria dormir
Pra não enxergar mais
Os sonhos que tinha sonhado




autoria:anacarolinacaldas

16 de dez. de 2007

Para 2008:

Minha primeira e mais importante promessa é abandonar aquele que me faz ter medo das coisas, das aventuras, das decisões. Abandonar este que me fez ver nas pessoas (por causa dele) coisas muito ruins. Abandonar essa trava nos meus olhos. Abandonar isso que contamina e enferruja o coração. Abandoná-lo e criar novas “regras” de vida. Só minhas e ninguém tem nada a ver com isso. Vou abandonar-te pra nunca mais me abandonar. Vou indo bem pra longe de você porque não quero mais ser ninguém destes personagens que você insistiu que eu tentasse ser pra te alimentar. Eu quero não ser para apenas viver. Mais leve. To indo sem você:Ego.
autoria:anacarolinacaldas

14 de dez. de 2007





Respeitosamente...

Escrevo hoje sem pedir licença à minha privacidade que tanto prezo. Hoje quero escrever por respeito à minha confusão e que se dane o respeito do respeito a já não sei mais o que. Na verdade é sobre isso que escrevo: o respeito que está cada vez mais em extinção. Respeito seria um dos “contratos” para que possamos viver civilizadamente entre nós – os seres humanos. O respeito que falo diz respeito ao que eu penso de respeito. Ahn?? Isso mesmo. E essa coisa que cada um pensa o que quer dá o direito de fazer o que bem entender com a sua consciência e com o outro, não é mesmo?? Então eu sinceramente tenho tido medo de alguns “respeitos” que ando encontrando...

O meu respeito é aquele que pensa no outro, pensa na conseqüência das ações para o outro.Porém, vejo a cada dia que passa que o conceito de respeito de tanta, mais tanta gente é aquele que diz respeito a si, ao seu ego! Isso...o Ego. Para alimentar os seus egos, as suas vaidades, o seu status e na maioria das vezes a sua conta bancária e o seu poder, investem cada vez menos no respeito e cada vez mais nas traições, nas rasteiras e no egoísmo.

Ando assustada e vejo tanta gente boa, de bom coração se encolhendo, com medo e desconfiada. Vejo gente tão perto de mim que anda quase desistindo de ser o que é pra fazer o "jogo". Vejo gente boa acreditando que sempre o mal vence. Vejo gente boa, digna, abnegada e generosa com medo de ser tudo isso....porque tem sempre um "urubu sobrevoando" atrás de mais energia pra sugar, pra roubar...

Essa tal vaidade ainda vai levar muita gente longe. Bem longe do que é “ser humano.” Ainda vai levar bem longe do coração. Quero não ir muito longe. Quero não me encobrir de brilho, ouro e devaneios. Quero não fazer nada de ruim pro meu irmão, minha irmã e meus amigos. Quero então optar pelo lado esquerdo do peito. Quero mais coração, mesmo que para isso eu precise cair e sempre com a mão estendida me levantar e caminhar com os meus...

E eu vou continuar acreditando que com o coração na mão no lugar das vaidades e das moedas eu e mais essa gente que pensa no outro....não iremos muito longe não. Ficaremos sempre pertinho um do outro, sentindo a respiração, os cheiros, as vozes , os olhares e entenderemos que mais vale nossa alma leve do que o corpo pesado do esforço de todo dia eliminar o outro do caminho para continuar correndo sei lá para onde .

O único caminho daqui pra frente que eu desejo fazer é com você, por você e pra você. Se a gente perder, a gente se levanta e vai junto com fé que o BEM SEMPRE VENCE O MAL.

autoria:anacarolinacaldas

29 de nov. de 2007

REFLEXÕES SOBRE O PRECONCEITO E OS INTELECTUAIS NO BRASIL
Andréa Caldas[i]



Mais uma vez, o PSDB faz uso das páginas dos jornais para estabelecer sua contenda ideológica com as armas do preconceito.


Em notícia veiculada pela Folha de São Paulo, no dia 24 de novembro de 2007, Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, sociólogo e dirigente do PSDB, estabeleceu as bases de sua disputa política como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ex-metalúrgico e dirigente do PT:

“Nosso partido tem gente acadêmica, não temos vergonha disso. Tem gente que sabe falar mais de uma língua, e também sabemos falar muito bem nossa língua. Muitos brasileiros ainda não puderam saber falar bem a nossa língua e muito menos as outras. (...) Queremos brasileiros melhor educados (sic), e não brasileiros liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria.”

O argumento, exaustivamente utilizado, da falta de formação universitária do presidente Lula e seus eventuais equívocos no uso da linguagem padrão merece algumas ponderações e análises que ultrapassem a barreira do senso comum e da estandartização dos preconceitos, que freqüentemente sedimentam a batalha ideológica de muitos de seus oponentes.
Ultrapassar a barreira do “pré-conceito” é, segundo nos adverte Agnes Heller (2004)[ii], superar a cristalização das primeiras noções, avançar para além da naturalização do imediato e, portanto, indagar sobre a historicidade das idéias.


Nesta direção, examinando a história da formação social brasileira, iremos encontrar a sociedade colonial dividida fundamentalmente entre a imensa maioria de escravos e a minoria dominante constituída pelos latifundiários escravocratas.


Neste contexto, nascem os primeiros intelectuais brasileiros, vinculados à administração colonial, à burocracia e à Igreja, que na época era, conforme profícua análise de Carlos Nelson Coutinho (2000, p.22)[iii], um “aparelho ideológico direto do estado colonialista”. Desta forma, nesta atmosfera social, ganha força o “intimismo à sombra do poder” como traço fundamental da gênese da atividade intelectual brasileira.


Ainda, segundo COUTINHO (2000, p.23-24), a cooptação assumia frequentemente o caráter de favor pessoal.Ligando-se a um poderoso, a um proprietário influente, o intelectual era agraciado com empregos, prebendas, etc. É verdade que essa situação de subordinação pessoal às classes dominantes era disfarçada pelo status relativamente elevado atribuído à condição de intelectual. A posse da cultura era um meio de distinção para os homens livres não proprietários. (...) E esse status, ao mesmo tempo em que servia de disfarce para a posição dependente do intelectual, acentuava o caráter ornamental da cultura dominante da época.

Se a formação histórica do Brasil se desenvolveu e avançou em muitos aspectos, é necessário admitir que sua preferencial opção pelas “reformas pelo alto” manteve inalterados muitos aspectos de uma mentalidade arcaica, de um passado que teima em não passar, articulado aos variados processos de modernização conservadora.


Entre estes resquícios do colonialismo, em pleno século XXI, encontramos o cultivo do status do intelectual, que pretende afirmar-se como independente e autônomo frente aos grupos sociais e seus interesses, consolidando uma torre de marfim que o distinguiria do conjunto da população.
Mais surpreendente, entretanto, é quando este status de suposta neutralidade é evocado por conhecidos dirigentes partidários, que pretendem substituir a disputa de projetos ideológicos pela oposição entre ilustrados e ignorantes, onde o título acadêmico blinda as opções políticas.
Este artifício da despolitização e sua substituição pela meritocracia já havia sido intentado pelos apologetas do regime militar, que se apresentavam como técnicos, no exercício do arbítrio do poder. É, portanto, assustador que este discurso do mérito intelectual seja novamente utilizado como forma de escamotear as diferenças de projetos e escolhas políticas.


Faz-se necessário, assim, examinarmos com mais vagar as mensagens subliminares do ideário ideológico que pretende estabelecer a pseudo-cisão entre os que “falam corretamente a língua portuguesa” e os que não a dominam.

1. O que se afirma quando se defende o “falar corretamente”

Conforme já mencionado, na história brasileira os homens livres não proprietários que puderam ascender socialmente foram aqueles que obtiveram acesso ao conhecimento intelectual, privilégio de uma ínfima minoria, em nossa sociedade marcadamente excludente.
De lá para cá, ainda que o desenvolvimento histórico e as lutas sociais tenham feito avançar a escolarização básica, sabemos que a titulação acadêmica e o domínio do saber sistematizado são ainda, hierarquizados.

Os indicadores de aprendizagem gerados pelo SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, criado em 1990), para “os concluintes do ensino fundamental mostram um quadro de pouca efetividade dos sistemas educacionais brasileiros. Em Língua Portuguesa, cerca de 10% dos estudantes atingiram um patamar adequado”. (MEC, 2003, p.6)[iv]

Trata-se, portanto, de privilégio reservado a alguns, mais facilmente acessado por aqueles que provêm de classes culturalmente favorecidas, fato este não ignorado pelo partido de FHC, implementador dos sistemas de avaliação da educação básica e superior, no Brasil, a partir dos anos 90.

Ademais, os dados gerados por este sistema de avaliação no ensino fundamental demonstram que “no período de 1995 a 1997, a média da proficiência em Língua Portuguesa caiu em torno de 6 pontos; de 1997 a 1999 a queda foi ainda mais significativa – quase 20 pontos.” (MEC, 2003, p.24)

Ou seja, a administração tucana, que deu prosseguimento à avaliação do “conhecimento e habilidades adquiridas pelos alunos”, não foi tão pródiga em gerar medidas de elevação da qualidade da educação oferecida no Brasil.

2. O que se esconde quando se defende o “falar corretamente”

Na defesa da gramática e da sintaxe, do cultivo do saber acadêmico, apologizado pelo PSDB, há sem dúvida um destinatário explícito e exclusivo.

Isto porque, não se tem notícia de que os quadros deste partido ou seus simpatizantes acampados na grande imprensa tenham envergado o mesmo esforço para arrolar eventuais equívocos lingüísticos cometidos por empresários, financistas e assemelhados.

Desta forma, reproduz-se aqui a mesma formatação colonial que engendrou o voto censitário, para a qual o proprietário não precisa provar mais nada: sua mera condição de dono do capital lhe assegura o status de cidadania plena e mando absoluto.

Quem precisa provar seu mérito, seu direito a exercer a cidadania política, são, nesta concepção, os não-proprietários, os trabalhadores. Segundo a meritocracia, filha adotiva do sistema capitalista, quem pode ser cidadão é quem tem mérito, e, no caso da ideologia tucana, mérito acadêmico e titulação.

3. O que está em jogo: para além das disputas de sintaxe

Há sem dúvida, no entremeio do cultivo ornamental da cultura, da apologia do estilo literário, uma luta concreta entre projetos políticos, que busca ser ocultada nas disputas de sintaxe.
Existe, por certo, de parte de muitos, um forte incômodo com a presença de um operário no poder, que a tradição histórica brasileira sempre reservou aos proprietários ou seus apadrinhados letrados, brancos e de classe média.

Que se concorde ou se discorde com os rumos apontados pelo atual governo; o que não se pode admitir é que o debate das idéias seja substituído pelo preconceito e a desqualificação.
Defender a universalização da cultura e, para tanto, lutar por medidas políticas efetivas para o desenvolvimento do sistema educacional brasileiro é diferente de defender o privilégio dos ilustrados e proprietários.

Faz-se, portanto, mister que a polêmica da forma lingüística se subordine à necessária discussão do conteúdo político e social, através da qual possam ser evidenciadas as relações e intenções contidas nos diferentes discursos e projetos. Discussão esta que a fala preconceituosa de FHC tem por objetivo principal ocultar.

[i] Professora do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná. Doutora em Educação.

[ii] HELLER, A. O Cotidiano e a História. 7ª. ed. SP: Paz e Terra, 2004.
[iii] COUTINHO, C. N. Cultura e Sociedade no Brasil. 2ª. Ed. RJ: DP&A, 2000.
[iv] MEC. Qualidade da Educação: Uma Nova Leitura do Desempenho dos Estudantes da 8ª. Série do Ensino Fundamental. Brasília, dez, 2003.
O cara-de-pau


Fernando Henrique Cardoso e a oposição sabem que não existe nenhuma possibilidade de o Lula continuar por mais um mandato. Por maior que seja o apego dos petistas ao poder, não seria nada fácil conseguir alterar a Constituição para permitir um eventual terceiro mandato do presidente. A mudança poderia provocar ainda um efeito cascata em estados e municípios do país. O cálculo político recomenda que os partidos da base governista encontrem outro nome para enfrentar José Serra ou Aécio Neves nas próximas eleições. Não valeria a pena brigar por uma causa no mínimo antipática para a opinião pública. Em entrevistas, sabiamente, o próprio presidente descarta o terceiro mandato. Lulinha não é bobo. Ninguém é. Por isso vamos deixar claro qual é o principal objetivo do alvoroço que a oposição e a imprensa estão criando em cima do tema.
Ao supostamente advertir os brasileiros sobre o "golpismo" de Lula, Fernando Henrique Cardoso, este intelectual de segunda categoria, político de terceira e ser humano de quarta, está, obviamente, tentando vincular o governo do PT às mudanças em andamento na Venezuela e na Bolívia. Como não têm cacife político ou ético para ser uma oposição real ao governo do PT, FHC e seus asseclas insistem em associar o presidente Lula a Hugo Chávez e Evo Morales, os dois mais novos e perigosos "ditadores" da América Latina. A mensagem subliminar do seu discurso alerta para o perigo de Lula seguir os passos de Chávez e Morales e se perpetuar no poder. Um prato cheio para armazéns de secos e molhados como a Veja-Mas-Não-Leia, que acreditam em "eixo do mal" e outras teorias conspiratórias.
O Brasil não é a Venezuela. Nem a Bolívia é Cuba. Assim como o Chávez não é o Fidel nem o Lula é o Morales. São todos países e políticos com trajetórias e realidades muito distintas, apesar dos algozes em comum. A confusão em torno do assunto serve apenas aos interesses mesquinhos e politiqueiros de tucanos e demos. Lula vai cumprir seu segundo mandato e entregar a faixa ao próximo presidente na data combinada. Seja ele quem for. Feliz ou infelizmente, o PT não está pronto ou interessado em uma ruptura institucional. Além disso, todos sabem ou deveriam saber quem comprou deputados para aprovar a reeleição neste país. Fernando Henrique Cardoso ainda nos deve satisfação sobre o "golpe branco" de 1998. Vai ser cara-de-pau assim na Sorbonne!
autoria: César Guerra Chevrand (Jornalista/RJ)

19 de nov. de 2007

Estranheza

Ta tudo estranho
Meus olhos não vêem mais o que viam antes
Minha boca não sente mais o mesmo gosto
Meu corpo é outro e tá perdido sem saber pra onde ir...

Fique aqui
Parado
Sentado
Até passar
Essa

Estranheza



de:anacarolinacaldas

19 de out. de 2007

Pra lá...


Tem dias que a gente se sente como quem partiu....
Eis que vem a roda viva e carrega o destino...




autoria:anacarolinacaldas e o chico

7 de out. de 2007


SUA VACA!

(E A IDENTIDADE CULTURAL DE CURITIBA)



Não sei qual é a opinião de vocês sobre a Cow Parade, que marcha ao redor do mundo em busca de atenção, reivindicando o direito inerente a toda vaca de , sei lá... ter tetas?


Mas, o fato é que, a breve e falida passagem da parada de vacas por Curitiba em outubro passado, foi em uma palavra singela apenas em Portugal, nada mais que a primeira sílaba do nome da nossa amada vila feliz.

Quem viu, concorda que foi um desastre em idéias e falta de humor na busca em expressar uma identidade cultural da cidade ou de seus habitantes, que fosse além do óbvio – é afinal de contas uma parada de vacas, oras.


Mas, talvez o mais engraçado era ver a reação das pessoas às vacas: ninguém sabia muito bem que fazer com elas ou na presença delas ou porque elas existiam. E as vacas viraram um elefante branco: “Não olhe agora, mas tem uma vaca sentada no aeroporto...”
E nessa vaca lia-se: Leite Quente.
E assim, ninguém viu as vacas, fingimos curitibanamente que elas nem estavam ali.

Boas idéias foram preteridas a outras de valor questionável.


A vaca do nosso amigo Marcucho, sentada com sua cara de paciência bovina a esperar ao lado de um telefone com uma plaquinha dizendo COW ME era a minha preferida entre todas as que não foram feitas. A vaca pintada de roxo que hoje reside no Museu do Olho é a que eu mais odeio. Tipo, hãh?

E o final triste dessas vacas Curitibanas é que, ao fim de sua apresentação esdrúxula sob olhares indiferentes da população, elas foram empurradas para longe e ficaram por meses encurraladas e ao relento em abandono no pátio do Moinho Rebouças da Fundação Cultural de Curitiba (a mesma que deixou o Cine Ritz e a Confeitaria das Famílias fechar) esperando para serem compradas em Leilão Beneficente: Salve uma vaca e uma criancinha ao mesmo tempo!
Bem, nenhuma delas, nem as vacas nem as criancinhas foram salvas, pois nenhum rei do gado cultural foi encontrado para fazer bater o martelo.

Mas as vacas são foda e seguindo sua natureza, elas não desistem! Engolem tudo!


Talvez seja por isso que a melhor tradução de “bitch” para o português seja mesmo “vaca”: porque as duas espécies vão longe até não dar mais.


Pois bem, as vacas em questão seguiram vacarosamente até o Rio de Janeiro e lá estão, em pastos mais fáceis, onde o sistema de pastejo cultural rotativo dá liberdade para que as mesmas passem seus dias ao sol, importunando o Drummond em seu banco, servindo de playground no calçadão de Copacabana para criancinhas curiosas, posando de biquíni e fazendo topless de tetas no posto 9 em Ipanema - direito conquistado anteriormente por outras vacas e ainda usado por muitas!

E essa aporrinhação toda que escrevi aqui meus amigos, é nada mais que a pergunta que não quer calar em mim, toda vez que algum outro evento cultural de peso acontece nessa cidade:
Afinal de contas, qual é a nossa identidade cultural?


E penso que enquanto não a acharmos, não vai adiantar sermos expostos a outros eventos culturais relevantes ou mesmo de vanguarda, TIM Festivals, Festivais de Teatro e outros Jum Nakaos que exponham no MON: porque ainda não vamos ter nos reconhecido o suficiente para pararmos de lançar nosso olhar de estrangeiros sob nós mesmos. E assim poder basear o nosso olhar em alguma outra coisa que a sensação de sempre estarmos abanando de longe em simpáticas boas vindas e aplausos rasgados a culturas que nos visitam em nossa própria casa, mas as quais não conseguimos conceber, elaborar internamente ou sequer nos divertir com elas.








AUTORIA:anacarolinacaldas/ do amigo Antonio Thieme

6 de out. de 2007

felicidade se acha em horinhas de descuido
joão guimarães rosa

5 de out. de 2007

Deus lhe pague - Chico Buarque

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague
Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

1 de out. de 2007

O Vagalume e a Rosa
“Lá no meio do jardim – a rosa sempre alegre com a chegada do seu mais fiel amigo: o vagalume. Todos os dias quando anoitecia, ela era a única que não se fechava porque os dois ficavam horas e horas conversando sob a sua luz, o perfume e a graça dela e mais a luz do luar. Ela ali plantada no mesmo lugar vivia a sua vida com as mesmas cores – as vezes mais fracas e outras mais fortes – do seu jardim. Dias de sol e tempestade, tinha histórias pra contar. Ele, voava de jardim em jardim. Tinham pouco tempo pra falar da vida. As vezes ele demorava dias pra chegar. Mas sempre chegava pra contar as novidades dos outros jardins. Tinha outras rosas. Mas aquela rosa era com quem podia até confessar:que as vezes não acreditava tanto em sua luz própria. Ela também, só com seu amigo vagalume mostrava o seu lado não tão belo como as pessoas podiam imaginar. O mais engraçado dessa história – lembra a rosa – é que ela demorou pra deixa-lo chegar ali perto pois tinha medo. Até que um dia a luz do vagalume trouxe um calor e a vontade de ficar perto. E assim ficaram sempre por perto, mesmo distantes.. Porém um dia ele não queria mais voar, ela não queria ficar mais plantada. Não se entendiam mais.Talvez estavam olhando tanto para si que esqueceram de olhar um ao outro, dar as mãos pra que o calor voltasse a fortalecer aquela linda e inusitada amizade. Ele voou e nunca mais voltou. Ela agora ao anoitecer se fecha, dorme sem a luz que os envolvia nas longas noites de conversa e calor. O cravo que ali do lado foi testemunha da história estava inconformado.Ouviu outros vagalumes contarem que ele achava que ela não o entendia nunca e seus espinhos muitas vezes o feriram sem que ela percebesse. Ela contava ao cravo que o vagalume era uma descoberta de amigo enviado por Deus pra lhe ensinar que apesar das diferenças era possível construir tão linda amizade. Mas queixava-se que sua luz as vezes não o permitia enxerga-la como ela era. O cravo rezou naquela noite para que as almas dos dois bons amigos se encontrassem e procurassem entender que as vaidades do perfume da rosa e da luz do vagalume estavam os fazendo perder um tempo precioso e divino de sua existência. E que se houvesse verdade na história que a lua os banhasse com a sua luz prateada e os fizesse menos orgulhosos e mais amorosos. Passou-se a primavera, algumas pétalas da rosa caiam como lágrimas no chão naquele dia seco do verão e ela escutou um barulho.Olhou para baixo e era ele esforçando-se para levantar uma das pétalas caídas. Voou e como se tentasse colar novamente, colocou sobre o miolo da rosa despedaçada a pétala umedecida com as lágrimas de ambos que apenas ficaram em silencio um ao lado do outro. Já velhos amigos, não pediram explicações, não fizeram acusações – porque a saudade era maior que as mágoas.Apenas relembraram as conversas sob a lua que com a noite chegava para testemunhar que ali reinava a verdade da amizade, que ali reinava a lição que o tempo é o melhor conselheiro e reinava a força da vida espiritual – que se faz e refaz quando existe luz e amor.”
anacarolinacaldas pra sobrinhos queridos....

29 de ago. de 2007

Ponto de Mutação

Por enquanto sem respostas.
O nó na garganta continua e eu desisti...
Só posso confessar que é medo, muito medo
De já não saber mais o que eu tô fazendo aqui
...e nem pra onde ir.
autoria:anacarolinacaldas

12 de ago. de 2007


Tudo do avesso
Já nem sei mais onde é o começo
Todo dia cedo
Anoiteço, anoiteço e anoiteço.







autoria:anacarolinacaldas

29 de jul. de 2007

REAGE LULA!


Até quando escutaremos os noticiários, em especial os que estiveram sempre em conluio com a elite brasileira, noticiar seus veredictos e os culpados por mais uma tragédia. A culpa é do Lula. E atenção – cada vez mais, a culpa será do Lula. O Movimento “Cansei” em nenhum momento fala do cansaço no que se refere à pobreza, aos meninos e meninas de rua, aos que não tem casa e nem terra, a desigualdade social. Por que quando os meninos da Candelária foram brutalmente assassinados estes milionários que hoje se reúnem para fazer passeata e ainda da forma mais tenebrosa – usando, assim como a mídia, a dor da morte – não se reuniram para protestar? Por quê? Talvez porque essa realidade esteja muito longe dos seus cotidianos de viagens aéreas, dos altos impostos pagos, etc. Afinal são estas as pautas que motivaram a primeira passeata conduzida por gente que está cansada de ter que “tolerar” um ex metalúrgico ser presidente do país que tem dono desde a sua origem: a elite brasileira. Esta elite que manda e desmanda no que o povo engolirá como verdade nos meios de comunicação.

De outro lado, Lula parece ter esquecido sua origem – que tanto honra aqueles que o escolheram como Presidente do Brasil. Pela primeira vez não um doutor que assim como os “manifestantes” do “Cansei” não sentem cheiro de pobre no seu dia a dia... mas um trabalhador que sentiu na pele a opressão desta elite que hoje grita Fora Lula por cima dos caixões do mortos do acidente da Tam ( que ainda está sob investigação e portanto não se sabe ainda o veredicto final, apesar da sentença já ter sido enunciada pela mídia)

REAGE LULA! O que assusta não é o já previsível discurso de quem deseja manter o “status quo”, que não tem responsabilidade nenhuma com um projeto de luta pela igualdade social. Mas, o que é assustador é ver os homens e mulheres deste governo assistirem calados ao que a mídia e a elite organizada estão dizendo e fazendo. Lula errou em passar a mão na cabeça em tantos momentos nestes que hoje sorrateiramente preparam como protestado neste domingo em São Paulo a “sua hora final”. Para ilustrar trecho de uma das faixas do protesto: "Presidente Lula: O dia e a hora chegaram. Honra tua faixa presidencial sobre o túmulo do meu marido Andrei. Lili.”.

O jornalista Mino Carta (Carta Capital) descreve com maestria e responsabilidade este sentimento de perplexidade diante da letargia que toma conta do Governo Lula, do Lula... “Por tempo longo demais o governo foi omisso em relação ao lobby irresponsável das companhias aéreas, à prepotência da Infraero e à leniência da Anac. Neste momento, ele parece acuado diante da enésima campanha midiática, de sorte a animar este ou aquele articulista a zombar dele. Mas é inadmissível, no caso do primeiro mandatário, a prática do esporte preferido dos graúdos, o chute do cadáver. Embora a mídia atinja a chamada classe média e os nababos, não chega ao povo. Os índices de popularidade do presidente são estáveis entre os brasileiros distantes do privilégio. Ou seja, a separação entre os dois Brasis se acentua, e bastaria a Lula ser presidente desta maioria para induzi-lo a uma ação mais determinada em busca de um país melhor. Recorrer aos panos quentes, tais como agradar ao mercado, ou omitir-se, ou recuar diante da Globo que não quer a classificação indicativa, não muda o preconceito atávico, o ódio de classe do burguesote, contra o ex-metalúrgico protegido pelo destino.”

Os tucanos que estão por trás desta manifestação usaram as mortes trágicas para iniciar talvez o derradeiro movimento contra o ex operário. Este ex operário que comandou – aí sim – milhares de trabalhadores contra a opressão e hoje parece ter esquecido disso tudo, da sua força, do seu comando e principalmente dos seus verdadeiros inimigos. REAGE LULA: conta pra todo mundo quem são eles, pára de tentar conciliar os interesses do povo “com essa gente!”, e como disse Mino Carta: ACORDA LULA E CHAMA O TEU POVO. O teu povo, Lula, não é este! É quem sofre calado quando nem dinheiro pra ônibus tem, mas dá um jeito e vai trabalhar. Mas.... minha gente... as mortes todas deste Brasil são culpa do Lula! E o mais importante – a viagem para Disney teve que ser desmarcada neste fim de semana por causa do Lula também!

Ana Carolina Caldas
______________________________


Mino Carta: Movimento "Cansei" ressuscita "Marcha da Família, com Deus"


Leia abaixo texto publicado pelo jornalista Mino Carta em seu blog (http://blogdomino.blig.ig.com.br/) nesta sexta-feira (27):

AMarchaEstamos às vésperas do retorno da Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade. Agora passa a se chamar Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros. Trata-se de uma fórmula mais elaborada, mais complexa, mas os objetivos são os mesmos. O movimento foi lançado pela OAB de São Paulo, e conta com o respaldo de figuras importantes da Fiesp e da Associação Comercial paulista, e com a divulgação de televisões e rádios, por ora não melhor especificadas. A idéia inicial faísca no escritório de João Dória Jr., o Iconoclasta Mor, aquele que destruiu a pauladas o monumento dedicado a Cláudio Abramo, o grande jornalista, em uma pracinha do Jardim Europa. Ali desceu o Espírito Santo, e iluminou os primeiros carbonários da grana, unidos em torno do slogan: Cansei. Uma campanha publicitária, oferecida de graça por Nizan Guanaes, gênio da propaganda nativa de inolvidável extração tucana, mais badalado entre nós do que George Clooney no resto do mundo, insistirá em peças destinadas a expor o pensamento dos graúdos envolvidos: “cansei do caos aéreo”, “cansei de bala perdida”, “cansei de pagar tantos impostos”. É do conhecimento até do mundo mineral a quem esses valentes senhores atribuem a culpa por os males que denunciam: nem é ao governo como um todo, e sim ao Lula, invasor bárbaro de uma área reservada aos doutores. Mas o presidente da OAB paulista, certo D’Urso, diz que o movimento não tem conotação política. Enquanto isso, às sorrelfas, o pessoal pede instruções aos mestres. Alguns ligam para Fernando Henrique Cardoso, outros para José Serra. São os derradeiros retoques da tucanização da elite brasileira, a mesma que sentou-se em cima de um tesouro chamado Brasil e só cuidou de predá-lo, com os resultados conhecidos. Incompetência generalizada, recorde mundial em má distribuição de renda, baixo crescimento, educação e saúde descuradas até o limite do crime, miséria da maioria etc. etc. Acorda Lula, chama o teu povo.

23 de jul. de 2007

Assim



Assim, meio assado
O casulo se rompeu, desajeitado
O sorriso se estampou, meio apressado
E o brilho insinuou, bem assanhado

Assim, meio afoita
A esperança foi gerada, numa moita
A idéia veio acesa, não pernoita
E o silêncio já não cala, me açoita

Assim, meio sem jeito
A garganta foi gritando, com direito
O sujeito foi se abrindo, satisfeito
E a comadre renascendo, sem defeito

Assim, meio assim
A moça só deixou a mó, calorzim
O corpo em pó deixou o dó, passarim
A vida em Jó desatou o nó, isto sim!





autoria: Meu amigo Glauber Piva



22 de jul. de 2007

Enquanto isso, vá morrendo...

Assim meio assim...Nó na garganta logo ao amanhecer, o aperto no peito e o sorriso da conveniência no rosto. A noite, o alívio do choro sentido. Outro dia começa e tudo de novo. A moça triste já não sabe o que foi feito dela. Olha para dentro e só o que encontra são seus fantasmas. Pra fora, tanta gente tão perdida, apressada, atônita e sem respostas. Vai esperar ...quem sabe o casulo se abre e ela entende um dia que tudo foi feito assim, meio assim pra ela descobrir que a vida é assim....morrer e nascer a todo momento... Mais forte e os olhos brilhando bem forte de novo. Sorriso franco e aberto. Um dia esse dia, moça triste, de novo chegará....Enquanto isso, vá morrendo pra nascer de novo.



autoria:anacarolinacaldas

12 de jul. de 2007


Um dia aquela menininha me ensinou que a vida vale a pena...


Assim, de rabo de olho, espiando a vida passar
Um belo dia, saiu da janela, e abriu a porta
Brisa suave no rosto, a fez lembrar da sua vida
Guardada por muitos dias apenas no pensamento
Como um quadro pintado na sala de jantar

Alguns passos a mais, seus olhos arderam
Teve medo, olhou pra trás e quis voltar
Mas ali, logo a frente, a sua vida lhe acenava
Uma criança, olhos brilhando e sorrindo
Correu ao seu encontro e lhe disse:

Venha, é fácil, você vai conseguir....”


Saltitando em círculos, a menininha gritava bem alto:


Mas se tiver medo, lembre-se de mim e cante, e pule, e dance, e sorria, e brinque e pense que o medo é o bicho papão que se esconde embaixo da sua cama e nunca te deixa sair pra ver o sol, o mar, o vento, as musicas, as pessoas, a vidaaaaaaaaaaaaaaaa!”

Lá estou eu com ela, ainda com medo, apertando forte a sua mãozinha corajosa
Porque ela sou eu.
Lá eu me vejo, brincando de princesas, super heróis, de castelos e aeronaves
De mãe, de filha, de professora, cantora e bailarina...
Lá, já bem longe, eu estou...
Com uma vontade enorme de sair pulando de alegria por aí!


autoria: anacarolinacaldas
(eu lembrei da amelie poulain...)
GENTE

(de autoria: Renato Kersten)

Tem dias que a gente se sente, um pouco talvez menos gente.
Dias em que se desvia do coco do cachorro e se acerta a bosta de passarinho;
Dias em que os seus amigos te telefonam, umas meninas te convidam pra sair, mas a única pessoa com quem você gostaria de estar esqueceu que você existe.
Tem dias que a gente se sente, um pouco talvez menos gente.
Sempre ao fim do dia vem a noite, a escuridão, às vezes a lua, e o silêncio.
Nasce um novo dia, novo sol....
Um cachorro, agora pra lhe acariciar;
Um passaro, com seu cantar;
Os velhos amigos, que sempre ligam...
Aquela pessoa que te esqueceu talvez te ligue com uma risada gostosa, ou talvez você já não lembre que ela existiu.
Tem dias que a gente se sente.....
Gente.


(obrigada Amigão pela contribuição no blog, bem legal mesmo.Escrever é uma das melhores terapias...Te adoro, amigo!)

11 de jul. de 2007

DEFINITIVO


(por Angélica Maria)

Definitivo, como tudo o que é simples.

Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com umamigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendoconfiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor?O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como umverso:Se iludindo menos e vivendo mais!!!A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável.O sofrimento é opcional.... Carlos Drummond Andrade



Texto acima: de Angélica Maria

8 de jul. de 2007

Clareia!


Sem eira nem beira, sem eira nem beira
Parece brincadeira
Essa coisa de achar que a vida
Vira poeira, vira poeira e vira poeira


Verdade ou mentira
Já não sei de que lado estou
Mas vou
Indo
Ainda
Um dia
Me acho
Eu acho
Encaixo
Me acho
E viro
Poeira, poeira e poeira

Respiro bem fundo
O ar que respiro
Olhos abertos
Tudo clareia
Vai embora
Poeira, poeira e poeira


autoria:anacarolinacaldas

18 de jun. de 2007

Sobre a Maturidade...


Hoje essa jovem senhora a quem tanto estimo e só agora consigo entendê-la, me telefonou. Suas palavras soaram doces, mas como um veredicto assustador:
De todas as vezes que veio para cá, a vi pela primeira vez tão centrada e serena... É a maturidade, minha filha.”

Não esperava, mas senti um frio na barriga. Aquele mesmo frio que senti no primeiro dia da escola, o frio do primeiro beijo, do encontro inesperado, o frio de morar sozinha, o frio dos recomeços, dos desafios. Mas de tudo que foi vivido eu sabia mais ou menos como se parecia. Já a maturidade eu não sei como é.

Ela me diz convicta, assim como talvez tenha também constatado em silêncio no passado: “ela não é mais uma criança, minha filha cresceu.” Dessa vez, porém, a tal da maturidade permitiu que a constatação fosse pronunciada. A tal da maturidade também permitiu que pudéssemos ficar horas e horas conversando numa tarde de sábado como duas velhas amigas. Eu e a minha mãe.

Serena, centrada... Justamente quando um turbilhão de novos pensamentos, novos olhares e novas posturas acontecem aqui dentro... vem esta constatação. A primeira vista, me parece uma loucura combinar isso tudo com a serenidade. Mas, talvez aos olhos já bem vividos, essa combinação vem sendo gestada. A explosão calma: a maturidade.
autoria:anacarolinacaldas

9 de jun. de 2007

E agora?


Estava acostumada com a previsão que tinha feito sobre você.
Achei que daria os passos que pareciam com os teus atos.
Tudo engano, pois há mais de você escondido que eu imaginava.
Vendeu a imagem da liberdade e confessou o contrário assim sem me avisar ...




E agora? O que eu faço pra conviver
com alguém que sonha como eu?


Estava preparada porque tudo parecia tão previsível.
Agia e caminhava como alguém que a vida não prendia nunca.
Simplesmente me diz que começou a pensar assim diferente.
Agora faz novos planos e aquele que era do mundo simplesmente não é mais.




E agora? Como faço pra fugir desse medo tão grande
ao saber que você antes inatingível não é mais?

Você sobrevoava apenas, colocou os pés no chão,
está próximo de mim, mas é tarde demais. E agora?

E agora? O que eu faço?


autoria:anacarolinacaldas

2 de jun. de 2007

Acreditar em um mundo melhor é coisa do passado??????
Uma(s) perguntinha(s)...

Será que eu tô maluca em ainda acreditar que o mundo pode ser melhor? Que os "meninos" de hoje serão amanhã éticos, solidários e justos? Que a política institucional, partidária será construída por gente menos egoísta, menos vaidosa e principalmente menos corrupta? Será que eu tô doida em pensar que a violência vai diminuir porque os governantes pensarão seriamente na distribuição de renda, educação, saúde e cultura PRA QUEM PRECISA?Será que eu aí pelos cantos serei chamada de idiota, ridícula ou ingêncua quando gritar bem alto que eu quero ajudar o mundo ficar melhor e pensar menos no meu umbigo!? Será que é pecado continuar sonhando, apesar de tudo, que um dia o Brasil vai dar certo?! Ei! Tem uma vaga para ajudar o mundo ficar melhor a quem precisa de verdade? Ei! Tem um emprego aí pra pensar mais nos outros do que em mim, na minha vidinha burguesa?

Ei! Tem gente, muita gente que também quer ajudar! Então...por favor não atrapalhem!

"Quero a felicidade nos olhos de um pai, quero a alegria muita gente feliz, quero que a justiça reine em meu país..." (Milton Nascimento/Fernando Brant)



autoria:anacarolinacaldas

26 de mai. de 2007


OCUPAÇÃO DA USP E OS CAMINHOS E DESCAMINHOS DO MOVIMENTO ESTUDANTIL


* Ana Carolina Caldas




Dois artigos sobre a “Ocupação da USP” me chamaram atenção nesta semana. Um escrito por uma estudante da mesma Universidade e outro por uma jornalista da Folha de São Paulo.


O artigo Os prós e os contras da ocupação na USP, assinado por Carla Santos - estudante de letras da USP, ex Presidente da UBES (2001) e membro da equipe do Vermelho (site oficial do PCdoB), é uma análise de quem já viveu “atos de rebeldia”, que conhece como é que se organiza um movimento de protesto. Por "vício" e/ou hábito de quem faz/fez parte do movimento a autora dá nome aos bois, ou melhor, diz quem é quem, ou melhor ainda, define com ressalvas quem está lá ainda resistindo (ou que resistiram) na ocupação da USP. Identifica como uma boa militante partidária quais as forças também partidárias ali comandando o movimento. Informa em seu artigo que a maioria dos estudantes ligados ao DCE (Diretório Central dos Estudantes) e aos partidos, após a aceitação pela Reitora da USP de alguns pontos da pauta de reivindicações, resolveram se retirar do movimento de ocupação.


Segundo Carla Santos, para os que ficaram “se iniciava a grande chance de começar o caminho rumo à revolução socialista no Brasil, ou pelo menos quase isso, colocando a sua vida à disposição da tropa de choque para mais tarde, quem sabe, ser um neo-Alexandre Vanucci Leme (estudante da USP assassinado na ditadura de 64).”


A impressão que tive é que neste artigo há um alerta para uma possível descaracterização do movimento estudantil consolidado pelas forças partidárias.


Já o artigo escrito pela jornalista Laura Capriglione - 25 anos depois, estudante leva a mãe para a invasão, publicado na Folha São Paulo, o tom é outro - evidencia e quase que inaugura (?) uma nova fase do Movimento Estudantil, quando afirma que a ocupação é "promovida" por estudantes que nada tem a ver com as entidades estudantis. Além disso, sinaliza que ali é “ninguém manda, todo mundo manda”, ou seja, não existe cacique, liderança. Pelo que parece e o que a explicação do "artigo militante" tenta elucidar, é isso mesmo que está acontecendo. A estudante caracteriza a atitude dos colegas também estudantes de irracional ("Se por um lado a ocupação da reitoria da USP deixou de ter um sentido racional..."), pois começou apenas como uma visita para a Reitora com o objetivo de entregar uma carta de reivindicações e agora ainda não estão claro quais são as futuras estratégias.


Carla Santos que faz o alerta sobre a irracionalidade do movimento e a falta de liderança na ocupação, mas também identifica que algo importante está acontecendo mesmo que tenha começado sem querer e sem estratégias demarcadas, foi líder secundarista e ficou famosa é claro por sua competência política e por um ato de rebeldia noticiado nacionalmente em 2001. Ficou nua em frente ao Palácio do Planalto como forma de protesto. Só com uma faixa cobrindo os seios, a "bunda-pintada" entrou no espelho d'água do Congresso, organizou os estudantes para formar a palavra CPI no gramado e discursou. Tratava-se do protesto a favor da CPI da Corrupção e contra a lei que acabou com o passe livre nos ônibus municipais.

QUE A LOUCURA SE RESTABELEÇA...


Inspirada nos protestos da vida das caras ou bundas pintadas, nesta ocupação da USP e em outros atos de rebeldia sem violência, mas para promover mudanças... é que defendo e continuarei sempre defendendo - que a irracionalidade, a paixão, o ímpeto continuem PELO AMOR DE DEUS a fazer parte do MOVIMENTO ESTUDANTIL. Que os militantes do Movimento Estudantil deixem a racionalidade para quando virarem burocratas talvez (e espero que não virem...).


Mas não o sejam agora, não queiram antecipar algo que não deveria fazer parte deste momento em que se é jovem, em que se experiencia situações para bater a cabeça errando ou acertando... Não deixem que os profissionais já consolidados desta área do Movimento Estudantil ou a crença que movimento estudantil deve funcionar como uma empresa, como um partido ou qualquer outra coisa que se assemelha a "fina flor da burrocracia" contaminem suas rebeldias, paixões e até a sua imaturidade.


Se estão lá sem saber que estariam, se não planejaram, se não sabem ainda para onde vão... continuem apenas caminhando. Apenas caminhem sabendo que querem mudar algo, que são contra os decretos do Serra e que a racionalidade está no dia a dia da ocupação, como já foi noticiado - em deixar tudo limpo, em se organizar para definir o próximo dia e continuem caminhando... e por que não.. sem pensar quem são, se do partido A ou B. Afinal são estudantes impetuosos, apaixonados, rebeldes das suas causas.


A ex líder secundarista e ex presidente da UBES informa em seu artigo que “professores, diante da irredutível permanência de algumas correntes políticas do movimento estudantil na ocupação, passaram a buscar mais diálogo com os estudantes, as assembléias passaram a ser cada vez maiores e nesta quarta (23) também aderiram à greve em apoio à ocupação.” Não sabiam onde iriam parar, mas com sua irredutibilidade engrossaram o movimento contra os decretos do Serra e a favor da qualidade de ensino. São nos momentos de loucura, do irracional que o “caldo pode engrossar” ou pode não também. Vai saber...


Sou a favor que a essência do Movimento estudantil se restabeleça. Nesta fase somos aprendizes e precisamos errar muito para ter certeza que valeu a pena. Que venham outros atos de loucura, este tipo de loucura pacífica, brincalhona, irreverente que é assim sem saber direito o que vai acontecer... que só aconteceu porque não se pensou com as amarras de quem já não sonha mais, não se raciocinou sobre os dogmas do partido A ou B, sobre isso ou aquilo. Foram pacíficos e a partir do momento que ocuparam a reitoria começaram a se organizar... assim meio com medo, meio sem saber ainda como é que se organiza.


Sê jovem agora, para continuar sendo até a eternidade

“Enfim, os questionamentos eram muitos, mas a empolgação em estar fazendo algo para mudar a situação da universidade era muito maior”, informou Carla Santos sobre o clima inicial da ocupação. Sim! Eu sou a favor da leveza, da adrenalina, da sensação revolucionária que toma conta da gente quando se é estudante e provoca mudança de estado, de espírito, de consciência e aí a coisa começa, ou seja, a gente começa a se dar conta que tem força, que tem poder. Aí sim a gente se organiza, se desorganiza e sai da Universidade. Vira adulto com espírito jovem e de vez em quando relembra disso tudo e vai lá como o Arthur Poerner se unir aos estudantes na ocupação do terreno da Une (essa é uma loucura que vem dando certo!), se inspira e desenha um projeto para o Teatro da Une como o Oscar Niemeyer, vai lá e vira Ministro dos Esportes como o Orlando Silva, vira o Franklin Martins, etc, etc. Mas antes a gente tem que ser viver e agir como estudante!


Marcelo, aluno da escola de ciências sociais da USP, citado no artigo da jornalista Laura Capriglione, disse: "A gente não sabe muito o que é ser rebelde. Só sabe que é contra o decreto do Serra. O resto estamos aprendendo". Não são os estudantes de agora que não sabem o que é ser rebelde, rebeldia se experimenta em qualquer época quando lhe é permitido dentro dessa coletividade, do movimento ou dos movimentos estudantis.


Deixem para crescer quando saírem da Universidade... Agora apenas caminhem e vão aprendendo ....Depois a gente escolhe qual é a melhor da estratégia pro futuro.


Parafraseando a música “Epitáfio”... “eu deveria ter arriscado mais, complicado menos...” Quando olho para trás e lembro que um dia, em 1996, dormi dento da Universidade também para lutar a favor da autonomia da Universidade... fico feliz por ter tido o privilégio da participação no Movimento Estudantil . Participação esta que hoje me dá serenidade e a certeza que estou na torcida certa. Torço para que os estudantes de hoje arrisquem mais....compliquem menos!


E Viva os Estudantes!


Para terminar, ou melhor, ao terminar o que aqui escrevo informo que acabei de ler a seguinte notícia publicada há poucos minutos na internet: “Um grupo de estudantes da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) ocupou nesta quinta-feira (24), pela manhã, o gabinete da reitora, Ana Dayse Dórea, no campus de Maceió. Os estudantes são contra a reforma universitária; querem que a escola técnica agrotécnica seja voltada para os interesses da agricultura familiar (e não a monocultura da cana-de-açúcar); pedem a ampliação do restaurante universitário e da residência universitária, além de uma creche gratuita nas dependências da universidade; e são contra os cursos pagos e a cobrança de quaisquer taxas acadêmicas” (Site Uol, 23/05/2007).

Ana Carolina Caldas - ex Coordenadora do DCE UFPR (96-97) - formada em Pedagogia (UFPR), Mestra em História da Educação (UFPR) e atualmente estudante de Jornalismo (PUC/PR). Atuou também na Coordenação do Setorial de Cultura do PT de Curitiba. É autora da dissertação de mestrado “CPC da UNE no Paraná (1959-1964): encontros e desencontros entre a arte, educação e política”.
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>


Resposta de Carla Santos à Ana:

Cara Ana

Levantas duas polêmicas que considero muito saudáveis para o nosso tempo. A primeira diz respeito a racionalidade versus irracionalidade nos movimentos. A segunda, sutilmente apresentada no seu artigo e explicitamente apresentada do artigo da jornalista da Folha de S.Paulo, diz respeito sobre se ter ideologia, ou participar de partidos e organizações históricas, é ainda importante.

Sobre a primeira polêmica, como você deve ter notado no meu artigo, tenho posição. Não sou positivista, mas também não sou da turma do ''carpe diem''. Apenas acredito que a irracionalidade está contida em inúmeros valores cultivados em nosso tempo que gostaria de alterar, como o consumismo, o individualismo, a competitividade, entre outros. Penso que a grande loucura do movimento estudantil não depende apenas de vontade individual. Acredito que a grande loucura que ainda não vivemos são os grandes movimentos, aqueles que reúnem milhões, como ''As diretas já!'' ou o ''Fora Collor''. Essa loucura só será possível, no meu entendimento, com a compreensão da idéia de coletivo, de algo que é importante para mim (ou talvez nem tão importante assim), mas que faz muita diferença para o outro. Quando adotamos a idéia de loucura individual anulamos esta compreensão, a minha loucura passa a ter mais validade do que a do outro. E é neste sentido que caracterizei alguns personagens da ocupação.

Sobre a segunda polêmica é importante notar que todos somos estudantes na USP, independente de cor, partido, opção ideológica ou sexualidade e todos vivemos as mesmas condições da universidade: falta de moradias, verbas, etc. Em um momento onde o mundo converge para o fim dos preconceitos no reconhecimento das diferenças vejo com estranheza as opiniões, tão agraciadas pela jornalista da Folha, de dividir os estudantes entre os partidários e não partidários. A questão não é esta, a questão é sobre legitimidade. Gostemos ou não, são os partidos que em geral se organizam para as eleições aos DCEs e CAs nas universidades e legitimamente são eleitos pelo voto direto a função, entre outras, de representação. As responsabilidades que pesam sobre uma organização coletiva são diferentes daquelas que pesam sobre um indivíduo. Entendo que, apesar de permanecer no apoio à ocupação, as entidades se retiraram da mesma por perceber a falta de compromisso com o coletivo da universidade em detrimento do compromisso apenas consigo mesmo. Veja, quem vai sair ganhando se a PM militar entrar na reitoria meltralhando todo mundo? Apenas os mártires, porque o conjunto da comunidade, além de não ter obtido nenhuma vitória com a ocupação, permanecerá refém dos decretos do Serra.

Sim, é verdade, a insistência na ocupação gerou bons frutos para a mobilização da comunidade, mas a falta de perspectiva a que ela chegou pode levar a mesma mobilização que ela fez surgir desabar tão rápido quanto começou. Se engana quem acredita que a entrada da polícia no campus não pode acontecer. Se engana quem acredita que a entrada da polícia no campus pode intensificar a luta contra os decretos. A possibilidade de haver uma contundente repressão que faça regredir rapidamente tudo que até agora se mobilizou é muito grande. Quando se anda sem saber aonde se vai não se chega a lugar algum.

Espero que a ocupação descubra, e já passou da hora desta descoberta, aonde ela quer chegar porque para derrubar os decretos não bastará apenas uma ocupação (com ou sem a polícia). Será necessário, mais do que nunca, mobilizar muita gente, por de fato o bloco na rua, pois em São Paulo a luta não é para pequenos, a luta é difícil e muito dura. Agora mesmo no dia 23, estavam nas ruas cerca de mil estudantes da USP. Num universo de 70 mil estudantes e cinco mil professores há de se perceber que a mobilização ainda é muito pequena.

Estas são apenas algumas observações. Acho que o debate vai longe, não é simples, mas é muito importante que pessoas como você, eu e a Laura da Folha busquemos fazê-lo.

Todo apoio à ocupação para que ela continue contribuindo pela derrubada dos decretos, mas também, todo apoio àqueles jovens organizados em partidos que acreditam em grandes idéias e movimentos para transformar o mundo.

Carla Santos
Da redação


>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

Artigos citados :






Artigo publicado nos sites:






8 de mai. de 2007


Regra Três

Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais

Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar
Depois perdeu a esperança

Porque o perdão também cansa de perdoar
Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai.


Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar



Vinicius de Moraes
Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho

19 de abr. de 2007

Diário da Felicidade

Coisinhas simples e coisinhas complicadas fazem de toda gente um pouco mais gente feliz. Assim como cantou Vinicius... "A felicidade é uma coisa boa e tão delicada também tem flores e amores de todas as cores tem ninhos de passarinhos tudo de bom ela tem e é por ela ser assim tão delicada que eu trato dela sempre muito bem”...

Cada qual com a sua ela está onde a gente quer que ela esteja: na gargalhada bem dada, no abraço apertado, no choro bem chorado até cansar, no sol e na chuva bem forte, nas conversas intermináveis com ou sem sentido, a companhia dos amigos sejam eles os mais sérios, mais engraçados, mais responsáveis, mais largados – o que importa é que eles estejam ali aquecendo a tua felicidade...

Ela está então nas coisas complicadas...nos amores vividos, sofridos, esquecidos e renascidos, no fazer as pazes para dar a mão a quem lhe é tão querido, no sorriso conquistado e perseguido depois da mágoa superada, no alívio da liberdade de algo incompreendido e que talvez nunca será compreendido e na sensação de que tudo o que se podia fazer foi feito ...

E quem nunca a encontrou nas coisas mais simples da vida...dormir muito depois de noites mal dormidas, abrir a janela pro vento bater no rosto, contemplar as estrelas, saborear a comida mais gostosa da nossa mãe, avó, tia, assistir o filme preferido, escutar mil vezes a mesma música também preferida, não fazer nada, não pensar em nada, acabar um livro bem gostoso de ler, achar dinheiro no bolso da calça, um chazinho quente nas noites frias, pés descalços na grama nos dias quentes, sorrir ao acordar porque mais um dia começou....

Mas eis que existem as coisas importantes que se misturam com o sentido muitas vezes indecifrável da felicidade: o pai, a mãe, os irmãos de alma e sangue, os novos amigos que aparecem em nosso caminho, os velhos que te espiam e protegem de longe e de perto, os amores bem resolvidos que viram doces e eternos amores, aprender novas coisas, o encontro com as tuas missões aqui na terra, o silêncio conquistado com a serenidade, o sorriso diário da certeza do caminho certo, fazer o bem sem olhar a quem, a crença sempre a crença em um mundo melhor, mais justo e solidário e a felicidade em acreditar nessa suposta ingenuidade que me faz perseguir o sonhoe que um dia todas as pessoas serão fraternas, bondosas e humanas de fato...Isso me faz feliz!

Autoria:anacarolinacaldas

15 de abr. de 2007

E ela se inventou...


Mais uma tentativa
Mas dessa vez foi diferente
Me portei no meu pedestal
Como o ser mais digno

Dentro de mim, da minha alma
Da essência verdadeira que me explica
Me portei no meu pedestal
Como o ser... mais risível

Não quis ter raiva, só amor incondicional
Não quis fazer tudo errado, fiz tudo certinho
Não quis não gostar de mim, e tive orgulho do que fiz
Não quis dar o braço a torcer, fui até o fim...

Mas eis que chega a Noite.
Perversa escureceu o que era a minha fantasia
Eu me portei no meu pedestal
Como o ser mais inventado ...

O amor incondicional se transformou em raiva
O certo foi todo errado
Meu orgulho me fez não gostar de mim
E o fim porque eu não dei o braço a torcer, já chegou

Faz tempo.

E perdida nas fantasias do meu dia
Eu nem percebi.


Autoria: anacarolinacaldas

5 de abr. de 2007


Todo sábado tinha Chico lá em casa!


Fui com meus pais no show do Chico, nesta quarta feira, no Teatro Guaira. Essa foi a combinação perfeita. Meus pais e o Chico. Primeiro os meus pais - são as pessoas mais iluminadas e intensas que eu conheço. Os dois tem os olhos sempre brilhando cheios de amor e compaixão. Os dois andam juntos ainda se aventurando, aprendendo e amando a vida. E o Chico? Foi com eles que aprendi a me encantar com o Chico Buarque.

Foi inevitável a choradeira. Passou um filme todinho da minha infância. Eu lembrei dos sábados na minha casa. Janelas abertas, cheirinho de café na cozinha e lá na sala bem alto eles já tinham colocado o Chico pra tocar. Sim, era desse jeito que a gente começava o sábado. Eu, minhas duas irmãs e meu irmão.

Lembrei também de um dia frio e minha mãe, creio desesperada com tanta criança em casa. Mas ela, nossa professora, sempre dava um jeito de inventar alguma brincadeira. E naquele dia colocou o disco Saltimbancos pra tocar e depois propôs: ”Vamos brincar de teatro!? Vamos fazer Saltimbancos?”. Ensaiamos, decoramos e depois noite adentro repetimos não sei quantas vezes a peça.

Depois da  infância nós começamos a entender algumas conversas dos meus pais e também entendemos alguns significados das músicas do Chico. Ditadura, exílio, entre outros. Participei do Movimento Estudantil e as músicas da infância estavam ali me fazendo entrar no encantamento do sonho revolucionário de mudar o mundo. Ah.. como cantei o "Apesar de Você" quando estava “contra atacando” os inimigos da democracia, do socialismo...Diga-se de passagem, minha música preferida.

Quantas vezes nossa mãe nos viu – nós meninas de casa – românticas assumidas, chorando pelos amores perdidos ou pelos amores vividos embaladas pela “Todo sentimento” ou “Futuros Amantes”. E como é sempre muito engraçado ouvir o meu pai dizer “Sou o cara mais corno manso que existe”, quando a minha mãe suspira ao ver o Chico...

Ah! Como foi bonito no show, eu de vez em quando de rabo de olho, espiar a minha história ao lado sentada comigo e ali na frente... no palco. Eu chorei tanto porque tudo aquilo tem o cheiro da minha casa, da gente toda reunida, do barulho dos meus irmãos, das músicas, do meu pai sentadinho na frente da vitrola (isso mesmo: vitrola!) escutando e cantando, da minha mãe de um lado pro outro arrumando a casa e cuidando de todo mundo. Enquanto o Chico andava por lá embalando os nossos sábados, os nossos laços, a nossa vida...

Exagero? Não... não é não. Só saudades.



autoria: anacarolinacaldas

3 de abr. de 2007

POR TODA UMA VIDA...

Eu vi nos olhos deles
A espera
A resignação
E a consciência

Que não há nada mais para se perder
Que a vida se finda a cada final do dia

A alegria de estar junto
Reviver
Os anos
Bem vividos

Em silêncio, cruzam os olhares
Na velhice e no amor que os une

Já pedi, já rezei, já implorei
A todos
Os santos
Que eles possam ficar

Para ainda embalar os meus sonhos
Eternamente em minha vida

Por que
É deles
A minha
história vivida

E o meu maior sofrer é não saber
Escrever o ponto final de todas as nossas histórias


autoria:anacarolinacaldas
Dedicada para as duas pessoas que eu mais amo nesse mundo...

“De primeiro, eu fazia e mexia, e pensar não pensava. Não possuía os prazos. Vivi puxando difícil de difícel, peixe vivo no moquém: quem mói no asp’ro, não fantasêia. Mas, agora, feita a folga que me vem, e sem pequenos dessossegos, estou de range rede. E me inventei deste gosto, de especular idéia. O diabo existe e não existe? Dou o dito. Abrenúncio. Essas melancolias. O senhor vê: existe cachoeira; e pois? Mas cachoeira é barranco de chão, e água se caindo por ele, retombando; o senhor consome essa água, ou desfaz o barranco, sobra cachoeira alguma? Viver é negócio muito perigoso...”

João Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas



Enviado por Glauber Piva ... que de vez em quando "especula" idéias comigo

25 de mar. de 2007

Um Tempo Que Passou

Vou
Uma vez mais
Correr atrás
De todo o meu tempo perdido
Quem sabe, está guardado
Num relógio escondido por quem
Nem avalia o tempo que tem

Ou
Alguém o achou
Examinou
Julgou um tempo sem sentido
Quem sabe, foi usado
E está arrependido o ladrão
Que andou vivendo com o meu quinhão
Ou dorme num arquivo
Um pedaço de vida, vida
A vida que eu não gozei
Eu não respirei
Eu não existia
Mas eu estava vivo
Vivo, vivo
O tempo escorreu
O tempo era meu
E apenas queria
Haver de volta
Cada minuto que passou sem mim

Sim
Encontro enfim
Iguais a mim
Outras pessoas aturdidas
Descubro que são muitas
As horas dessas vidas que estão
Talvez postas em leilão

São
Mais de um milhão
Uma legião
Um carrilhão de horas vivas
Quem sabe, dobram juntas
As dores coletivas, quiçá
No canto mais pungente que há

Ou dançam numa torre
As nossas sobrevidas
Vidas, vidas
A se encantar
A se combinar
Em vidas futuras
E vão tomando porres
Porres, porres
Morrem de rir
Mas morrem de rir
Naquelas alturas
Pois sabem que não volta jamais
Um tempo que passou

Chico Buarque
Composição: Indisponível



...essa música me faz lembrar de todas as esperanças que tive desde que me conheço por gente fazendo parte das lutas da vida. Me faz lembrar que eu tinha mais forte meus ideais, minhas lutas e desejo por um mundo em transformação. Lembro do tempo sim que eu aprendi lá em casa e com os meus amigos a torcer que muitos milhões de votos fossem depositados à opção "mais revolucionária." Tempo em que eu chorava e me emocionava mais quando sentia que alguma coisa podia de verdade mudar... Tempo que eu me emocionava mais com as músicas do CHICO....Tempo que não volta mais. O que me resta é ter esperanças que aqui dentro de mim surja um novo tempo.
anacarolinacaldas



Perdi

...a batalha entre eu e todos os meus temores, inseguranças e surtos que me assombram e insistem em invadir os meus dias e desconcertar os meus passos.

...as esperanças de poder voltar atrás e fazer tudo diferente, sem errar, com a dignidade que sempre imaginei pra mim.

...pro meu destempero e a maldita intensidade a tudo e a todos a quem devoto amor, afeto, carinho e sem perceber me atropelei e me perdi....

De você.


autoria: Ana Carolina Caldas