26 de ago. de 2009

Eu me pergunto
Da onde vem essa calma
Não combina
O ritmo das coisas
Indica...indicava
Turbulência.
Eu me refaço
Da onde vinha você
Não combina
O ritmo das coisas
Indica...indicava
Turbulência
Calma
Que é ela
Que me diz
Minha´alma
Acalma
Volta
O ritmo
Das coisas
Da onde
Você vinha
Turbulência
Da onde vem
Essa
Calma
Indica
Minha alma.
Sem você, calma.
É ela
Que me diz
Eu me pergunto
da onde você vinha?

24 de ago. de 2009

Parei, desci, enfim cheguei.

Não importa
Quantas ruas, pedras, portas
Só há pela frente, caminho
Agora, eu apenas busco
Paragens. Muitas.
Devagar, na sombra, sem lenço, sem documento
Com abraços, sorrisos, e choro, muito choro assim
como a chuva que lava o caminho, lava-se a alma
Com amigos, novos e velhos
Com o coração humilde, os olhos ávidos de mundo
Com as pernas apenas pra dançar, corpo todo pulsa vida
Assim, bem assim
É que se anda.

22 de ago. de 2009

RIFA-SE UM CORAÇÃO


de Clarice Lispector


Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu…
“…não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero…”.
Um idealista…Um verdadeiro sonhador…
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
“O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer”
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta

16 de ago. de 2009

O ENCONTRO DAS MINHAS TIAS

Hoje minha madrinha foi continuar a vida, em paz, junto com os anjos. Nestas horas, vai passando um filminho e lembrei das mãos de “fada madrinha” da Tia Wilma. Ela fazia bonecas lindas de porcelana. Sempre foi linda, assim como as suas bonecas. No Natal, eu, minhas irmãs e primas sempre esperávamos para ver que surpresa de boneca ganharíamos. E eu, então? Afilhada! E foi desta lembrança que hoje eu tive mais saudades. Dos natais “enfeitados” pelas minhas tias. E lá estavam elas: Tia Lourdes e a Tia Antoninha, e espiando lá do céu, a Tia Neusa. Esse quarteto resume o que para mim, sempre foi o mais divertido, e também mais encantador nestes natais. Todo ano, o mesmo ritual da espera das irmãs chegarem uma a uma. E era inevitável que cada uma que chegasse tivesse uma piada pronta para outra. Lembrei da risada e voz rouca da Tia Wilma....Dos vestidos em tom rosa que ela sempre usava, dos pratos enfeitados, do jeito de andar dela - parecia que andava nas pontas dos pés. Lembrei das risadas e ironias entre elas. Mas também das lágrimas partilhadas, das preocupações e do carinho. No final da festa, elas brincavam e dançavam, e riam, choravam, brigavam e no final o que sobrava, para mim, eram as histórias contadas naquele natal .. Depois vinha outro, novas histórias. Voltei no tempo e me vi criança, olhando para aquela bagunça toda. A imagem que me vem é desse bom humor, apesar de tudo. A vida não foi fácil para nenhuma delas, assim como é a vida.... Às vezes, alguém com mais problemas, outros menos.... Porém, nada que um domingo com a mesa de café posta em uma das casas das tias não as fizesse passar o tempo, esquecer dos problemas ou mesmo colocá-los para fora. Mas a impressão que tenho é que elas vieram para essa vida com este objetivo: ter esse encontro, entre elas. Por isso, o ritual do café, dos natais, aniversários sempre foi tão especial....

Cada uma do seu jeito eu tenho aqui sempre comigo também como referência de mulheres, do feminino, da vida! A Tia Antoninha – a mais elegante, charmosa e a vida toda, nós – miniaturas de mulheres – tivemos dela o olhar atento, que era nada mais nada menos do que carinho pelas mulheres da família caldas. O olhar para como nossa alma se apresentava externamente para o mundo. Ela sim, impecável sempre. Vaidosa, cuidadosa e linda! Nunca me esqueço das unhas sempre vermelhas, o cabelo escovado e a roupa “ultima moda”. A Tia Antoninha, para mim, ali pequeninha olhando pra ela – sempre foi a tia que exalava perfume, lembrava jardim – mas também num relance a gente se deparava com os seus olhos redondos olhando pra gente, cuidando da nossa beleza e demonstrar assim o seu carinho por nós.

A Tia Neusa, a mais perspicaz, inteligente e que sempre teve as melhores tiradas, as ironias estaladas no silêncio da última conversa. Lembro da tia dançando Chico Buarque no meio da sala. Lá vai ela, de um lado pra cá, cigarrinho na mão, cantando “Vai Paaaasaaar”.... A Tia não deixava barato para nenhuma das irmãs. Às vezes ela sumia, dava uma descansadinha, despertava e se colocava a par das conversas ao redor da mesa, depois lá vinha com uma boa tiração de sarro apontada para uma delas. Todo Natal ela me desejava: um namorado bem bonitão e rico! Mas a parte mais engraçada era a dupla que ela fazia com a Tia Lourdes, dupla inseparável...

A Tia Lourdes, a caçula. A Tia eu sempre a tive na infância um pouco como mãe, por causa da convivência com a Cris, minha prima. Entre elas, sem dúvida a tia foi sempre a mais festeira – das cervejinhas, dos cafés na casa dela, da comilança e muita gente reunida. Nas brincadeiras das irmãs, a tia era sempre passada para trás... O pai a chama de faísca atrasada. Fica lá só “meditando” sobre a última piada feita a seu respeito. Por que, cá pra mim, a tia sabia deste segredo – que elas vieram para cá por causa deste encontro marcado.... Então, resolvia reuni-las para sempre prolongar este encontro.


Por viver no Rio Grande do Sul, pouco convivi com a Tia Antila, que também faz parte desta grande família. Dela tenho as lembranças das conversas com a família até altas horas da madrugada, da elegância da tia e do seu sorriso: Aberto e amoroso.


Com estas tias, aprendi adorar uma boa mesa de café e bater papo, desabafar e dar boas gargalhadas. Aprendi também amar mais minhas irmãs e, sobretudo, conservar o bom humor pra enfrentar essa vida!

Beijos nas tias todas
Tia Wilma, que os anjos a recebam

15 de ago. de 2009


Tudo esclarecido
Música: Itamar Assumpção
Letra: Alice Ruiz

tudo esclarecido entre as coisas e os seus significados o que se viveu tá vivido o assunto virou passado e o que passou tá esquecido entre as coisas esquecidas estão as melhores lembranças entre as coisas perdidas estão os grandes achados
Não é por aí

Música: Itamar Assumpção
Letra: Alice Ruiz

ia dizendo não é por aí o caminho mais curto acaba logo ali, acaba logo ali acontece que algum gesto ainda não foi feito hei, não vá saindo assim desse jeito pra que pressa? depois dessa outra história, outra transa, outra festa agora é tarde não está mais aqui quem falhou ia dizendo, não é por aí....

9 de ago. de 2009









































O MAIOR AMOR DO MUNDO




Meu pai.