28 de fev. de 2010

"Quando conhecer sua alma, pintarei seus olhos."

(Amedeo Modigliani )

24 de fev. de 2010

"Me Larga!" (e me abraça!)

As separações são decididas por dinâmica que pouco tem a ver com os defeitos do outro ÀS VEZES , milagrosamente, um psicanalista consegue transmitir os resultados de sua experiência clínica do jeito certo: sem simplificar, mas sendo mais cuidadoso com o leitor leigo do que preocupado em impressionar a turma dos colegas.
É o caso do livro de Marcel Rufo, "Me Larga! Separar-se para Crescer", recentemente traduzido em português pela Martins Fontes.
Rufo, 62, francês, terapeuta de crianças e adolescentes, segue passo a passo as peregrinações pelas quais o indivíduo conquista sua autonomia, ou seja, o difícil caminho que leva da fusão inicial com a mãe à independência rebelde do adolescente.
Ao longo do percurso, ele apresenta inúmeras vinhetas clínicas: crianças agressivas, infelizes na escola, com enuresia, pré-adolescentes adotados ou que se imaginam sê-lo, outros que fogem sem parar, jovens que se drogam ou querem acabar com sua vida, assim como pais que largam os filhos cedo demais e outros que não os largam nunca.
Mas "Me Larga!" não é apenas um livro para pais e filhos sobre as dores do crescimento. A leitura é, para qualquer um, uma ocasião imperdível para refletir um pouco sobre o conflito (que nunca pára de nos assolar) entre nossos sonhos de sossego e nossos anseios de independência -conflito especialmente complicado, aliás, porque ele se repete dentro de cada um dos campos que nele se enfrentam: o amparo da dependência é também o porto seguro que (mesmo remoto e fantasiado) nos dá a força de continuar navegando para o largo, e não há liberdade sem a nostalgia de um lar que nos prenderia.
Como escreve Rufo: "Prender-se, desprender-se, voltar, sair novamente, encontrar, abandonar... Toda a nossa vida segue esse movimento permanente". E relacionar-se significa encontrar um mágico equilíbrio nesse movimento: "Cada qual precisa do outro para se construir e se conquistar, para se tranqüilizar às vezes, e para compartilhar momentos, idéias e desejos. O outro é precioso na medida em que representa uma abertura para o mundo".
Ou seja: a solução do conflito entre dependência e autonomia nunca é definitiva e é um paradoxo. Como é possível encontrar amarras que nos libertem?
Em suma, o conflito entre nossa necessidade de amparo e apego e, do outro lado, nossa sede de separação e independência é central na constituição de nossa subjetividade e continua crucial durante a vida toda. Sugiro um exemplo.
Em geral, atribuímos tanto os apaixonamentos quantos as separações de nossa vida amorosa ao outro, que se revela, segundo os casos, sublime, incompetente ou sacana. Ou então, às circunstâncias, facilitadoras ou infelizes. Mas talvez os percalços de nossa vida amorosa sejam decididos por uma luta que se trava dentro de nós e que pouco tem a ver com as qualidades e os defeitos do outro ou com as adversidades do mundo.
Talvez a gente se apaixone e se separe sobretudo conforme o ritmo do antigo e inesgotável conflito interno entre nossas aspirações de navegador solitário (a imagem é de Rufo) e nossa nostalgia de uma fusão na qual, enfim, poderíamos descansar de vez. Prova disso?
Primeiro, obviamente, pense nas separações, por assim dizer, "abstratas": aquelas que acontecem em razão de um surto irresistível de independência num dos dois ou em ambos e, inversamente, naquelas que são maneiras de manter o conforto de outro apego: "Gosto de você, mas me largue, porque você me leva para liberdade demais; prefiro ficar aqui no quentinho".
Logo, lendo o livro de Rufo, é fácil reencontrar as modalidades da ruptura amorosa na lista dos percalços das separações pelas quais a criança conquista sua autonomia: separar-se para não ser abandonado, separar-se para crescer e medir o alcance de nossa liberdade, separar-se para testar o outro, para verificar que ele não nos deixará por isso, e por aí vai.
É como se os altos e baixos de nossa vida amorosa fossem, antes de mais nada, a expressão de um conflito entre liberdade e apego que está em nosso âmago e nunca se resolve.
À primeira vista, muitos acharão essa idéia incongruente com sua experiência. Mas, antes de descartá-la, façam o seguinte. Depois de uma separação, quando os "erros" e as "falhas" do outro se afastaram um pouco na memória e começam a parecer irrelevantes, pergunte-se, por exemplo: "Mas, afinal, por que nós nos separamos?" Na maioria dos casos, a gente não sabe responder de CONTARDO CALLIGARIS

23 de fev. de 2010

Ri-ma?


Não lhe peço fidelidade

Apenas sinceridade.

Diga-me sua idade

Vem você da eternidade

Queimar toda saudade

Enquanto busco felicidade

9 de fev. de 2010


Diariamente


Sou do dia:
do nascer e do pôr do sol.

À noite há desejos
mal interpretados durante o dia...

Sou do dia-a-dia.



do getulioguerra
http://www.getulio-guerra.blogspot.com/

2 de fev. de 2010


celebrando a vida
CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR
dia de colheita de uva na colonia dirceu cavalli (Colombo/Pr)

foto: gilsoncamargo

1 de fev. de 2010



A VIDA NOS OLHOS DELES

Hoje brindo a vida, aos meus amores e em especial
As crianças todas que eu estimo
Num piscar de olhos quase a vida se esvai
Hoje meu sonho é vê-las
Virarem os seus sonhos
Presenciar os passos e sorrisos
Das luizas, isabelas, carolinas, didis,
eduardos, aninhas, jujus, clarinhas, sofias,
theos, teresas....
e tantas outras que já comigo estiveram
Viva a vida!
Hoje me vi feito elas
Vivendo a dia como
Se fosse
O último e o primeiro.

Despedida
de Antonio Nóbrega
Eu já estou de retirada, é madruga, dou lembranças aos senhores. Sinto uma dor,dono da casa, até para o ano seu vivo for. Adeus, boa sorte para todos,eu já me vou, já vou me retirar.
Tenho saudades dessa noite tão bonita, e meu coração palpita que eu não posso tolerar
.

Retrato baixo

Fotografia dos segundos
Todos
Do mirante
Lá do alto
Sim, olhava sempre para baixo...
Girava meu rosto
Lá estavam os teus olhos
Quase sempre
A buscar
Outros retratos....
Meus olhos ficaram a espera
Num piscar dos teus olhos
do meu retrato...
Está borrado
Pelas paredes
Do mirante
Preciso apenas voltar
Por um dia
Preciso abrir tua janela
Jogar meu retrato
Lá de cima
Para baixo
Quem sabe
Você ao menos uma vez
Olhe, assim como eu,
Para baixo
A procura do meu/seu retrato.
Estrofe

Agora, escrevo e escrevo
Tudo o que vem
Nada espetacular
Apenas letras, versos
Desarrumados
Tentando
Arrumar
A linha
Que
Faça
Disso tudo
Que eu penso, sinto
Uma estrofe
Que devolva
Poesia
Aos meus dias...