30 de mai. de 2010


Anúncio

Do meio da praça

O pipoqueiro avistou

A moça que à noite

Chorava olhando pra lua

Pela manhã abriu a porta

Pendurou um anúncio em letras decoradas:

“Se eu sou muito chão de fábrica e pouca poesia,

pé no chão e pouco devaneio

é o que tenho para o momento.”

Voltou para janela

Caderno e caneta à mão

Aliviada

Escreveu a mais linda das poesias.

Dedicada para ela.

27 de mai. de 2010

Sem meia. SÔ inteira!

Não quero meia taça
Nem a tua meia
jogada aos meus pés
Chego as seis e meia
Para te avisar
Meio amor, meio amizade
Não vale mais.
Você tem meia hora
Pra decidir se é inteiro
Ou pela metade
Pela meia alma
De lembrança
deixo a você
A meia calça
Saio pela rua
Sem meias,
Descalça.
Pra ficar
Sorrindo
No meio fio
Sem meia entrada
A rua é toda minha!
Afinal,
Não sou mais
A metade
Sô inteira!

20 de mai. de 2010

FEITIÇO

Meu pulmão fecha dia e noite
A dor dessa agonia
Que emudece
Já nem lembro mais
Como é que se respira, aspira, expira...

Respiro fundo e mergulho
Nas profundezas
Nas profundezas
Dos teus segredos
Que me deixam
Sem ar

No fundo do mar
É que te encontro
Emaranhado nos cabelos
Da sereia
Que te enfeitiçou
Com as palavras
Poéticas, proféticas, maléficas...
Ainda não ditas.

As minhas, todas ditas
Me sufocam
Enforcam
Nó na garganta
É feitiço
Maldito!

Acordo, já é mais que um dia
Desligo os aparelhos
Caminho, me sinto novamente
Eu, sozinha
Bendita!

Olho no horizonte
Lá estão vocês
Nas profundezas
Dos seus pecados
Bem vindos!

Sou eu
Agora é a minha vez
Jogo um feitiço, crio um pecado

Em busca
De ar puro.
Me despeço de você
Me aqueço na solidão
Respiro, fundo, profundo...

19 de mai. de 2010

FUJO

Vou fugir de tão covarde que sou

Me olho no espelho

E vejo lá

Mulher mais insegura do mundo

Dentro de mim

Existem sonhos da

Mulher mais segura do Mundo

De tão covarde que sou

Fujo dela.

Fujo de você

Fujo deste espelho

Que teima em dizer a verdade.

9 de mai. de 2010

DE: FelicidaDE


E seu eu soubesse que era tão fácil ser feliz

Não tinha chorado tanto em busca de.

Não tinha fugido tanto de.

Não tinha colocado de.

Feitos

tantos de.

feitos.

na tal

da Felicida

de.

7 de mai. de 2010




ROSTO


Tenho em mim

A cara abatida de ontem

O rosto corado de hoje

Nariz empinado de amanhã