1 de out. de 2007

O Vagalume e a Rosa
“Lá no meio do jardim – a rosa sempre alegre com a chegada do seu mais fiel amigo: o vagalume. Todos os dias quando anoitecia, ela era a única que não se fechava porque os dois ficavam horas e horas conversando sob a sua luz, o perfume e a graça dela e mais a luz do luar. Ela ali plantada no mesmo lugar vivia a sua vida com as mesmas cores – as vezes mais fracas e outras mais fortes – do seu jardim. Dias de sol e tempestade, tinha histórias pra contar. Ele, voava de jardim em jardim. Tinham pouco tempo pra falar da vida. As vezes ele demorava dias pra chegar. Mas sempre chegava pra contar as novidades dos outros jardins. Tinha outras rosas. Mas aquela rosa era com quem podia até confessar:que as vezes não acreditava tanto em sua luz própria. Ela também, só com seu amigo vagalume mostrava o seu lado não tão belo como as pessoas podiam imaginar. O mais engraçado dessa história – lembra a rosa – é que ela demorou pra deixa-lo chegar ali perto pois tinha medo. Até que um dia a luz do vagalume trouxe um calor e a vontade de ficar perto. E assim ficaram sempre por perto, mesmo distantes.. Porém um dia ele não queria mais voar, ela não queria ficar mais plantada. Não se entendiam mais.Talvez estavam olhando tanto para si que esqueceram de olhar um ao outro, dar as mãos pra que o calor voltasse a fortalecer aquela linda e inusitada amizade. Ele voou e nunca mais voltou. Ela agora ao anoitecer se fecha, dorme sem a luz que os envolvia nas longas noites de conversa e calor. O cravo que ali do lado foi testemunha da história estava inconformado.Ouviu outros vagalumes contarem que ele achava que ela não o entendia nunca e seus espinhos muitas vezes o feriram sem que ela percebesse. Ela contava ao cravo que o vagalume era uma descoberta de amigo enviado por Deus pra lhe ensinar que apesar das diferenças era possível construir tão linda amizade. Mas queixava-se que sua luz as vezes não o permitia enxerga-la como ela era. O cravo rezou naquela noite para que as almas dos dois bons amigos se encontrassem e procurassem entender que as vaidades do perfume da rosa e da luz do vagalume estavam os fazendo perder um tempo precioso e divino de sua existência. E que se houvesse verdade na história que a lua os banhasse com a sua luz prateada e os fizesse menos orgulhosos e mais amorosos. Passou-se a primavera, algumas pétalas da rosa caiam como lágrimas no chão naquele dia seco do verão e ela escutou um barulho.Olhou para baixo e era ele esforçando-se para levantar uma das pétalas caídas. Voou e como se tentasse colar novamente, colocou sobre o miolo da rosa despedaçada a pétala umedecida com as lágrimas de ambos que apenas ficaram em silencio um ao lado do outro. Já velhos amigos, não pediram explicações, não fizeram acusações – porque a saudade era maior que as mágoas.Apenas relembraram as conversas sob a lua que com a noite chegava para testemunhar que ali reinava a verdade da amizade, que ali reinava a lição que o tempo é o melhor conselheiro e reinava a força da vida espiritual – que se faz e refaz quando existe luz e amor.”
anacarolinacaldas pra sobrinhos queridos....

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