29 de nov. de 2007

O cara-de-pau


Fernando Henrique Cardoso e a oposição sabem que não existe nenhuma possibilidade de o Lula continuar por mais um mandato. Por maior que seja o apego dos petistas ao poder, não seria nada fácil conseguir alterar a Constituição para permitir um eventual terceiro mandato do presidente. A mudança poderia provocar ainda um efeito cascata em estados e municípios do país. O cálculo político recomenda que os partidos da base governista encontrem outro nome para enfrentar José Serra ou Aécio Neves nas próximas eleições. Não valeria a pena brigar por uma causa no mínimo antipática para a opinião pública. Em entrevistas, sabiamente, o próprio presidente descarta o terceiro mandato. Lulinha não é bobo. Ninguém é. Por isso vamos deixar claro qual é o principal objetivo do alvoroço que a oposição e a imprensa estão criando em cima do tema.
Ao supostamente advertir os brasileiros sobre o "golpismo" de Lula, Fernando Henrique Cardoso, este intelectual de segunda categoria, político de terceira e ser humano de quarta, está, obviamente, tentando vincular o governo do PT às mudanças em andamento na Venezuela e na Bolívia. Como não têm cacife político ou ético para ser uma oposição real ao governo do PT, FHC e seus asseclas insistem em associar o presidente Lula a Hugo Chávez e Evo Morales, os dois mais novos e perigosos "ditadores" da América Latina. A mensagem subliminar do seu discurso alerta para o perigo de Lula seguir os passos de Chávez e Morales e se perpetuar no poder. Um prato cheio para armazéns de secos e molhados como a Veja-Mas-Não-Leia, que acreditam em "eixo do mal" e outras teorias conspiratórias.
O Brasil não é a Venezuela. Nem a Bolívia é Cuba. Assim como o Chávez não é o Fidel nem o Lula é o Morales. São todos países e políticos com trajetórias e realidades muito distintas, apesar dos algozes em comum. A confusão em torno do assunto serve apenas aos interesses mesquinhos e politiqueiros de tucanos e demos. Lula vai cumprir seu segundo mandato e entregar a faixa ao próximo presidente na data combinada. Seja ele quem for. Feliz ou infelizmente, o PT não está pronto ou interessado em uma ruptura institucional. Além disso, todos sabem ou deveriam saber quem comprou deputados para aprovar a reeleição neste país. Fernando Henrique Cardoso ainda nos deve satisfação sobre o "golpe branco" de 1998. Vai ser cara-de-pau assim na Sorbonne!
autoria: César Guerra Chevrand (Jornalista/RJ)

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