10 de jan. de 2009

Fresta


Cruzou a fresta do tempo sem luvas nas mãos. Tateou pregos, gelatinas e borrachas. Evaporou-se em idéias de algodão. Ajoelhou-se e pôs-se a pensar nas cores da noite, nos cheiros do dia, nas dores do entardecer.Percebeu que os hematomas não são filhos das pancadas. São paridos por teimosia. Em cada roxo na alma, dezenas de arestas foram polidas com a língua. Milhares de esquinas foram deixadas à míngua. Pacotes de limas foram chupadas com sal.Com amargo na boca, derrubou seus medos nos pedregulhos da rua. Medo de não conseguir ser e medo de, sendo, esquecer-se do que foi.


Glauber Piva www.glauberpiva.blogspot.com

Um comentário:

Glauber Piva disse...

Obrigado, Aninha.
Beijo!